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Vaticano receia penas de prisão para os bispos
2002-04-21 12:16:35

João Paulo II vai reunir-se no Vaticano, nos dias 23 e 24, com os cardeais americanos. Evitar que os bispos sejam condenados pelos tribunais por não denunciarem às autoridades os casos, de que tinham conhecimento, relacionados com pedofilia e abusos sexuais contra menores imputados a eclesiásticos, vai ser o principal assunto em debate.



Um bispo francês já foi condenado e, nos Estados Unidos, alguns advogados pretendem levar a Igreja a tribunal, enquanto instituição, acusando-a de conspiração e de proteger criminosos. Por isso, e de acordo com o porta-voz da Conferência Episcopal americana, D. Francis Maniscalco, irá ponderar-se uma solução de forma a conciliar o direito canónico com o direito civil americano, o qual é rígido relativamente abusos sexuais contra menores.

De acordo com a AFP, o bispo disse em conferência de imprensa: "Pretende-se não somente defender os menores, o que é prioritário, mas também de a Igreja defender-se a ela mesma."

O encontro poderá, pois, centrar-se numa questã: o que poderá a Santa Sé fazer para que os bispos e cardeais americanos não acabem todos na prisão? O encontro é, pois, esperado com alguma expectativa. Mas para além das questões relacionadas com o foro criminal, pretende-se também saber se o Papa terá soluções para acabar com a "epidemia" que se alastra não só ns Estados Unidos mas também em vários países europeus, inclusivamente na Polónia.

Sabe-se que existe um instrumento de trabalho sobre o qual algumas premissas deverão ser lançadas. Trata-se de um documento dirigido a todos os bispos, publicado em Janeiro no mais dos profundos sigilos, em que são abordadas algumas questões sobre o modo como devem ser tratados os casos de pedofilia imputados a eclesiásticos. Nele se refere, nomeadamente, a pastoral vocional. Pela primeira vez na história o Vaticano aconselha os reitores dos seminários a recorrer à ajuda de psicólogos para ser analisada a personalidade dos candidatos ao sacerdócio.

Um outro ponto, mais polémico, refere-se à obrigatoriedade de os casos de pedofilia serem tratados exclusivamente no Vaticano, sem passarem pelos tribunais eclesiásticos diocesanos. Para tal, João Paulo II imbuiu o cardeal Joseph Ratzinger de conduzir os processos. Segundo o documento, os bispos devem comunicar à Santa Sé qualquer facto ou indício, sem se especificar a obrigatoriedade, ou não, de os denunciar também às autoridades públicas. O "castigo" que se aponta é o da "reeducação", que pode ser através do isolamento em algum mosteiro, ou mesmo a interdição de exercerem o ministério.

Este normativo jurídico, contudo, não resolve tudo. Por isso o encontro desta semana vai ser seguido por toda a Igreja.

Fonte DN

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