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Comunicado Final das XIV Jornadas Teológicas: "quem tramou Deus?"
2002-04-21 12:04:55

No “Quem tramou Deus?, não se tratou de um processo judiciário. Mas procurou-se analisar o religioso no contexto social. A grande preocupação subsiste na tendência para o extremo, o fundamentalismo. Pretendeu-se, então, experimentar o equilíbrio através do diálogo entre as três grandes religiões.

Finalizando-se com uma tentativa de situar a problemática no âmbito teológico.
Assim, no primeiro dia, o Professor Alfredo Teixeira começou por referir que uma boa parte dos discursos sobre as religiões no âmbito das ciências sociais foi marcada pelo paradigma da “secularização”, que de uma forma dura, profetizavam o fim da religião e, em versão mais branda, a privatização da mesma.
No segundo dia, o Professor Doutor Carreira das Neves, numa perspectiva histórica das três religiões do Livro - judaísmo, cristianismo e islamismo, concluiu que a sacralização dos textos sagrados das mesmas são a fonte do fundamentalismo e consequente fanatismo.
O erro dos fundamentalistas judeus consiste essencialmente em considerarem-se o único povo de Deus, diferente de todos os outros povos. O cristianismo, assumindo a sua verdade como única e verdadeira, justificou o caminho das cruzadas, da inquisição, das guerras coloniais e do anti-semitismo. No islamismo, a leitura a-histórica do Alcorão leva a matar em nome de Deus.
“Deus é mais do que todas as religiões e do que todas as escrituras sagradas”. Por isso, é Deus, infinita bondade.
O debate, “Religiões: confronto ou diálogo?”, teve lugar no terceiro dia entre judeus e cristãos, moderado por António Marujo, do jornal Público. Estava prevista, também, a presença de uma identidade islâmica, a qual não compareceu.
Para Ferrão Filipe, assistimos actualmente a um ambiente de diálogo inter-religioso favorável. Referindo-se ao 11 de Setembro, o orador sentenciou que tais “acontecimentos estão abaixo de qualquer sentimento religioso. Quem o consumou é incapaz de ter a mínima referência a Deus. A vida é o que de mais sagrado existe. Ensinar o valor da igualdade e da diferença é acreditar que é possível esta humanidade. Temos que ser humanos pois esta é a vontade das nossas religiões.”
Por seu lado, Jorge Ortiga apresentou um programa de vida onde a única atitude é o diálogo. Esta é a única forma de entendimento mútuo. O representante da Igreja Católica, apresentou quatro formas de diálogo, como caminho a percorrer: “o da vida”; “de experiência”; “da doutrina” e “o das acções conjuntas”. Concluindo, D. Jorge Ortiga perspectivou mais do que uma Igreja como sacramento de salvação ou de unidade, uma Igreja como “sacramento de diálogo”. “Diálogo é caminho. Só no diálogo encontraremos verdadeira religião.”
António Marujo, acrescentou, em jeito de conclusão, que em todos os conflitos religiosos mundiais seria necessário ouvir a indignidade face à morte dos inocentes de todas as facções religiosas. “Onde estão as vozes dos mortos dos outros?”
Todas as ciências e todas as religiões procuram a qualidade de vida. O mistério do seu sentido. Então, “...é preciso dizer hoje que a ultima palavra não é a morte, mas a vida que o destino final do mundo não é a catástrofe, mas a transfiguração” (L. Boff).


Fonte Ecclesia

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