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Novos sinais de mudança
2002-04-14 12:31:30

Antes de ser reeleito para um segundo mandato de três anos à frente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Policarpo, cardeal e patriarca de Lisboa, desafiou os bispos a não se acomodarem à tradição. Segundo as suas palavras, o acto eleitoral deveria ser precedido de um esforço de discernimento, a fim de que fossem colocadas em cada cargo as pessoas mais indicadas. "A começar pela Presidência", sublinhou.


Foi explícito o sinal para que se quebrassem rítmos antigos. Prevêm os estatutos da CEP que ninguém possa exceder o limite de dois mandatos trienais à frente de uma qualquer comissão da CEP. No entanto, a reeleição para um segundo mandato tem-se processado quase automaticamente, sem questionamentos, vindo tal prática a tornar-se uma tradição.

O aviso do cardeal foi lançado na segunda-feira, e nesse mesmo dia realizaram-se as eleições. Houve surpresas, efectivamente. Vários bispos auxiliares, que só no último triénio receberam a mitra, passaram a presidir a várias comissões, algumas das quais com bastante peso na CEP. É o caso, por exemplo, da Acção Social e Caritativa, agora da responsabilidade do bispo auxiliar de Lisboa, D. José Alves; e da Doutrina da Fé, que passou a ser presidida pelo bispo auxiliar de Braga, D. António Marto. No triénio anterior todas as presidências foram atribuídas a bispos titulares.

A novidade, neste caso, não está tanto na "promoção" de prelados "secundários". Já há exemplos anteriores, nomeadamente o de D. António Marcelino ou mesmo o de D. José Policarpo, tendo ambos presidido a grupos de trabalho no âmbito da CEP sem serem titulares de uma diocese.

A novidade está no facto de o cardeal ter lançado um repto perante a comunicação social, afirmando, inclusive, que quer mudanças na estrutra da CEP. Segundo as suas palavras, esta é "pesada de mais". Por outro lado, frisou, "o esforço das comissões episcopais e seus secretariados, precisa de uma maior coordenação em ordem ao aproveitamento de sinergias e à construção da unidade".

O cardeal, na realidade, deseja novos dinamismos. E disse-o sem o esconder da opinião pública. Sugeriu, inclusive, a criação, "necessária e urgente", de um serviço central na CEP vocacionado para a investigação e estudos pastorais. A sua convicção é a de que "a CEP luta com a precaridade de meios disponíveis, em pessoas e em recursos materiais, para a amplitude dos problemas a que é chamada a estudar e a analisar".

Respondendo a uma pergunta do DN, D. José manifestou-se satisfeito com o resultado das eleições, e com o modo como os bispos interpretaram os seus apelos. Menos positivo, "só o facto de o terem reeleito". Mas, obviamente, fez esta observação no contexto da boa disposição que presidia à conversa com os jornalistas.

Para a história fica o registo de que, na semana finda, alguém propôs um novo dinamismo eclesial. E, claro, o impulso só poderia partir de quem já defendeu uma tese de doutoramento sobre os "Sinais dos Tempos".


Fonte DN

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