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Igreja quer 150 mil contos por ano
2000-11-19 12:48:59

Em causa está trabalho de divulgação da língua e cultura portuguesas desenvolvido pelas congregações religiosas nos PALOP

A Igreja Católica "nunca abandonou a África lusófona, apesar das revoluções, continua lá a desenvolver um importante trabalho de divulgação da língua e da cultura portuguesas, para além de prestar um apoio social junto das populações carenciadas digno de ser assinalado". Só este ano ajudou os PALOP com mais de 900 mil contos. Por isso, quer que o Governo português contribua para o esforço que está a ser desenvolvido, concedendo o correspondente a 150 mil contos anuais.
Isto porque se se fizer uma análise estatística e geográfica dos apoios que Portugal concede, a vários níveis, aos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) verifica-se que a Igreja Católica - através de missionários, leigos, paróquias geminadas, misericórdias, Cáritas e projectos da Fundação Evangelização e Culturas (FEC) - desempenha um papel de charneira.

É este trabalho diário de há longos anos que a FEC (organização não governamental para o desenvolvimento - ONGD - da Igreja Católica criada na sequência das 500 anos da evangelização das igrejas lusófonas) quer que o Governo apoie. Tanto mais que o montante global financeiro prestado pelas congregações/institutos religiosos sediados em Portugal aos PALOP tem vindo a aumentar gradualmente nos últimos anos.

Nesse sentido, o padre José Maia, presidente do conselho de administração da FEC, escreveu a Anacoreta Correia, presidente do Instituto da Cooperação Portuguesa (ICP), solicitando ajuda financeira. Diz-se na missiva: "Pedimos que, para os próximos três anos (2001-2003) nos seja reservado um financiamento correspondente a 150 mil contos/ano."

Esta diligência, refira-se, foi encetada no seguimento da assinatura de um protocolo de cooperação entre o ICP e a FEC, assinado a 28 de Abril, nos termos do qual se reconhece "o importante trabalho de promoção e defesa da língua e dos valores essenciais da cultura portuguesa desenvolvido pelos missionários, leigos e religiosos ligados às Igrejas Cristãs, em especial à Igreja Católica, junto das populações lusófonas".

O ICP - considerado como o "único interlocutor institucional do Estado português no âmbito do planeamento, coordenação, acompanhamento e avaliação da política de cooperação" - disponibilizou-se a "estudar parcerias de cooperação e formas de apoio financeiro aos projectos a desenvolver" pela FEC.

Em causa está o apoio ao trabalho desenvolvido pelos missionários e leigos portugueses. "Convém lembrar que as missões católicas nunca abandonaram aqueles territórios. Trata-se de portugueses altamente qualificados, um verdadeiro "exército" de quase 600 pessoas, a que há que juntar os 144 jovens envolvidas em acções de dois meses promovidas pela Igreja Católica", diz o padre José Maia.

No total são 550 missionários (262 em Moçambique, 195 em Angola, 36 em São Tomé e Príncipe, 36 na Guiné-Bissau e 21 em Cabo Verde) e 38 leigos (16 em Moçambique, 11 em Angola, seis em São Tomé e Príncipe, três na Guiné-Bissau e dois em Cabo Verde). Isto para além de 144 jovens envolvidos em acções de dois meses (40 em Angola, 34 em Cabo Verde, 32 na Guiné-Bissau, 22 em Moçambique e 16 em São Tomé e Príncipe). Um total de 732 pessoas que continuam a divulgar a língua e a cultura portuguesas nos PALOP, através da acção da Igreja Católica.

Depois de ter feito um levantamento estatístico e geográfico destas iniciativas, a FEC enviou um inquérito a todas as dioceses dos países lusófonos pedindo que manifestassem o que, para elas, é mais urgente e adequado para promover cultural, social e educacionalmente as populações de cada diocese.

Deste modo, foi elaborado um mapa de projectos em curso no âmbito do ensino e difusão da língua portuguesa nos PALOP.

Os projectos são muitos (neste momento, estão contabilizados 65) e variados. Moçambique conta com 38 projectos (apoio aos meninos de rua em Tete pelas Irmãs de S. José de Cluny e reabilitação de dez postos de saúde em Lichinga, por exemplo) e Angola com 25 (projecto "O Direito de Saber", promovido pelos Missionários da Boa Nova em Pemba, e projecto "Abrigo", promovido pela Cáritas no Cuíto).

O objectivo último é desenhar um mapa global da cooperação entre Portugal e os PALOP, visando "optimizar os recursos dos vários parceiros que já estão a actuar nos mesmos países e, às vezes, nas mesmas localidades - congregações religiosas, paróquias e municípios geminados, empresas portuguesas -, gerando sinergias que reforcem a afirmação de Portugal nesses países".


Fonte DN

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