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O Padre Que Viveu como Os Macacos
2002-04-11 21:44:03

O padre Giuseppe Pierantoni, raptado há seis meses por um grupo de extremistas islâmicos do Sul das Filipinas, não acredita que os rebeldes o levem segunda vez, mesmo que ele regresse à paróquia depois de ir visitar os pais.

Doze horas após a sua libertação, com lágrimas nos olhos, Pierantoni considerava-se a viver "já no paraíso", depois de se ter encontrado com outros padres do Sagrado Coração de Jesus, ou dehonianos.

Durante o cativeiro, o padre Pierantoni diz ter vivido "como um macaco, em cima das árvores", para escapar às perseguições do exército, e comido iguanas para sobreviver na selva filipina. Com 45 anos, originário de Bolonha, o missionário italiano confessa, citado pela AFP, ter tido "uma experiência muito particular".

"Vivemos uma vida muito simples. Por vezes, comia essencialmente arroz, com algumas coisas que a natureza nos dava, como peixe ou legumes da floresta", afirmou o padre Pierantoni. "Também comi coisas estranhas, medusas, iguanas e batatas venenosas que tinham que ser preparadas com muito cuidado para poderem ser comestíveis", explicou.

Os dirigentes do "Pentágono", o grupo que o raptou no passado dia 17 de Outubro, tinham-lhe assegurado que ele não seria molestado e que apenas desejavam dinheiro para comprar armas e defender-se. O padre católico acrescenta sobre os seus raptores: "Eram muçulmanos de ideias muito simples. É interessante escutá-los sobre os seus sofrimentos e as suas esperanças de libertar Mindanau", o Sul das Filipinas, de predominância islâmica, que os rebeldes querem tornar independente de Manila.

Libertado pelo exército e pela polícia filipina, na segunda-feira, o padre Pierantoni espera agora poder visitar os seus pais, já idosos, que terão passado estes seis meses muito preocupados, na incerteza do que poderia acontecer a Giuseppe. Os militares filipinos anunciaram mesmo a morte do padre católico no fim do ano, vindo posteriormente a desmenti-la.

Não se conhecem pormenores da operação policial. O exército tinha capturado três elementos do "Pentágono", que terão fornecido elementos sobre a localização dos companheiros. Fontes contactadas pela agência Fides, do Vaticano, negam a hipótese de ter sido pago um resgate, mas há também quem afirme ter sido paga, aos raptores, uma quantia próxima dos 20 milhões de dólares (mais de 22 milhões de euros, mais de quatro milhões de contos). Sabe-se apenas que o bispo Zacharias Jimenez, bispo de Pagadian, se empenhou pessoalmente nas negociações com os raptores.

Depois da libertação, o padre "Beppe", como é conhecido, encontrou-se com a Presidente das Filipinas, Gloria Arroyo, falando da experiência como positiva para a sua vida de missionário: "Foi uma mudança radical na minha vida e tive muito tempo para a oração."

Talvez por causa desta experiência, o padre Giuseppe conta regressar às Filipinas e à sua paróquia de Dimataling, na província de Zamboanga do Sul.

Fonte Público

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