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SERMÃO AOS PADRES
2002-03-29 12:27:38

O Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, aproveitou ontem a celebração dedicada ao clero, na Sé Catedral, para enviar uma série de recados aos padres e apelar a uma mobilização geral para se evitarem os escândalos sociais com os "ministros de Deus e da Igreja".

Perante os cerca de 500 padres da diocese, D. Jorge nunca apontou qualquer situação concreta de desvio do comportamento-tipo de um sacerdote - sobretudo no que toca a questões de âmbito sexual, que são as que mais preocupam os responsáveis eclesiásticos locais -, mas manteve no ar os problemas existentes através de um discurso positivo. Apelando à fraternidade sacerdotal, o arcebispo defendeu a entreajuda "para consolar, estimular, corrigir e aperfeiçoar", sustentando que "nunca estamos a intrometer-nos na vida dos outros sacerdotes desde que pretendamos a qualidade da vida do nosso corpo sacerdotal". "Não tenhamos receio de chegar, se for necessário, à correcção fraterna", realçou o prelado, justificando que, "diante de Deus e da Igreja, não podemos permitir certos comportamentos e atitudes em nós e nos outros". Os alertas de D. Jorge surgem no seguimento do apelo lançado pelo Papa para um maior esforço colectivo dos padres para constituírem um exemplo de Cristo, por forma a evitar escândalos sociais - como tem acontecido com casos de pedofilia -, com grande impacto negativo na sociedade e que levaram João Paulo II a pedir perdão publicamente.

Coerência e consciência

Em Braga, têm surgido alguns envolvimentos de sacerdotes com mulheres. A receita de D. Jorge é 'coerência' e 'consciência', num ano especial para a diocese: beatificação do arcebispo D. Frei Bartolomeu dos Mártires, centenário do nascimento do Frei Bernardo Vasconcelos, conclusão do processo de beatificação do pároco P.e Abílio Correia e início do estudo do eventual milagre da leiga Alexandrina de Balasar. Lembrando aos sacerdotes que "ninguém impôs nada a ninguém" no que toca à opção de vida, o prelado pediu 'coerência' porque, "num Mundo onde tudo se vê e sabe, só a autenticidade pessoal e ministerial mostra o que somos". Quanto ao apelo à 'consciência', frisou que "o mundo do relativismo não pode permitir o mero subjectivismo a justificar o que convém ou se gosta mais, conduzindo a conclusões, consciente ou inconscientemente, de que tudo tem o mesmo valor". "Em tempos de mentira e de máscaras, não temos outra hipótese a não ser a transparência e a veracidade em tudo", declarou D. Jorge, deixando ainda a mensagem que prefere a qualidade à quantidade, apesar de precisar de ambas, até porque a escassez de sacerdotes é muita: "sem qualidade, não teremos quantidade". Acompanhado dos bispos auxiliares Antonino Dias e António Marto, o arcebispo deixou uma referência especial para a acção dos párocos junto dos jovens: "que a Igreja seja a casa dos jovens para ultrapassarem os dramas da solidão, droga, pornografia e exploração sexual". Mais uma vez, D. Jorge encaminhou os sacerdotes para a mensagem onde o Papa aponta os jovens como "um talento que Deus colocou nas mãos da Igreja para o fazer frutificar". O objectivo é que os padres dêem a sua atenção à juventude, atendendo às suas "perplexidades, interrogações, dúvidas e talvez exageros". "A juventude precisa de ser atraída, sobretudo pelo que vê nas comunidades cristãs e também nas homilias das celebrações dominicais", afirmou o prelado, sensibilizando os padres para "os problemas dos jovens relacionados com a escola, a universidade, o primeiro emprego, as condições de vida e tantas outras realidades".

Papa reza por sacerdotes

Pela segunda vez em cinco dias, o Papa João Paulo II, atormentado pela artrite num joelho e de aparência cada vez mais frágil, não celebrou, ontem, na Basílica de S. Pedro, uma das missas mais importantes da Semana Santa, tendo permanecido sentado durante o serviço religioso, e renunciando mais tarde, à cerimónia do lava-pés. O Santo Padre limitou-se a ler um sermão, no qual aludiu, indirectamente, aos escândalos sexuais envolvendo sacerdotes nos Estados Unidos, Polónia e outros países. "Rezamos pelos nossos irmãos padres que não estiveram à altura dos compromissos assumidos quando foram ordenados ou que estão a passar um período de crise", exortou o Sumo Pontífice, de 81 anos. Esta passagem foi interpretada em relação com os casos de abuso sexual protagonizados por dignitários da Igreja, recentemente divulgados.

Última Ceia

Por terem sido proferidas na Quinta-feira Santa - quando a Cristandade evoca a instituição do sacerdócio por Jesus Cristo, reunido à mesa com os discípulos, durante a Última Ceia -, as palavras do Santo Padre revestem um significado particular. O Papa João Paulo II permaneceu sentado durante a missa, cuja celebração delegou num cardeal. Celebrá-la ele próprio implicaria que andasse ou estivesse duas horas de pé, um esforço intolerável para quem, como ele, padece de artrite no joelho, informou o Vaticano. Repetiu-se ontem o sucedido no domingo, quando, pela primeira vez desde a sua eleição em 1978, o Papa delegou a celebração de uma missa muito importante no contexto da Semana Santa como é a de Domingo de Ramos, evocativa da entrada de Jesus Cristo em Jerusalém. Embora as queixas por causa do joelho artrítico possam ser consideradas menores, o facto de ter assumido a incapacidade de celebrar missa recolocou no centro das atenções a saúde do líder espiritual de mais de um bilião de católicos romanos. A decadência física de João Paulo II tem-se acentuado desde o princípio dos anos 90, quando se tornaram evidentes os sintomas da doença de Parkinson. Em 1992 o Papa sujeitou-se a uma operação para remover um tumor no cólon , em 1993 deslocou um ombro e em 1994 partiu o fémur.


Fonte CM

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