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Papa repreende padres pedófilos
2002-03-28 15:35:56

João Paulo II aproveita hoje a tradicional mensagem de Quinta-Feira Santa, que todos os anos envia aos cerca de 400 mil sacerdotes de todo o mundo, para manifestar a sua indignação contra os padres envolvidos em casos de pedofilia, acusando-os de traidores.


"Traíram a graça recebida com a Ordenação, cedendo, inclusive, às piores manifestações do mistério da iniquidade que actua no mundo", escreveu, reconhecendo o crescente sentimento de mal estar que se tem vindo a registar no seio da Igreja Católica.

Segundo o Papa, "os escândalos graves estão a provocar um clima denso de suspeição sobre todos os clérigos, incluindo sobre aqueles que exercem o seu sacerdócio com honestidade, coerência e caridade histórica". Neste sentido, pede a todos os sacerdotes que se "comprometam na santidade", enquanto "a Igreja expressa a sua própria solicitude pelas vítimas e se esforça por responder com justiça e verdade a cada situação penosa".

As preocupações de João Paulo II levaram-no a repetir o tema da confissão, já abordado na mensagem do ano passado. Se em 2001 apelou aos sacerdotes para que se confessassem com frequência, "afim de poderem ser ministros do perdão", este ano foi mais acutilante ao referir-se ao pecado, evocando as palavras de S. Paulo: "Quem comer o pão ou beber o vinho do Senhor indignamente, será réu do Corpo e Sangue do Senhor." E, sem se afastar do pensamento paulino, frisa: "Quem come e bebe sem discernir o Corpo, come e bebe o seu próprio castigo."

Estas palavras surgem no contexto da Eucaristia, culto a que só os padres podem presidir. No entanto, lembra-lhes que aquele sacramento não está dirigido para o perdão dos pecados mortais. "Isso é próprio do sacramento da Reconciliação", afirma. E, no seguimento, retira do catecismo um dos preceitos básicos: "Quem tem consciência de estar em pecado grave deve receber o sacramento da Reconciliação antes de se aproximar da comunhão."

Depois do "recado" dado, o pontífice romano alonga-se a explicar o sentido da confissão para todos os crentes. Desde logo adverte que as chamadas absolvições colectivas" - em que o perdão dos pecados é administrado em celebrações comunitárias - é uma prática a que se pode recorrer só em casos excepcionais. O normal é que cada crente se aproxime pessoalmente do sacramento, até para que os fiéis "não se sintam reduzidos a uma massa uniforme", diz o Papa.

E aquilo que os confessores aconselham a cada penitente deve também ser muito ponderado. Nem o rigorismo, porque "oprime e afasta", nem demasiado laxismo, porque "desorienta e cria falsas ilusões".

É importante o equilíbrio, na justa medida, mas também a consciência de que cada sacerdote deve estar em plena comunhão com a Igreja. "Por vezes sucede que, a propósito de certas questões éticas da actualidade, os fiéis saem da confissão com ideias bastante confusas, em parte porque não encontram nos confessores uma mesma linha de pensamento", explica.

Neste sentido, pede aos sacerdotes que evitem proclamar juízos de valor pessoais que não estejam de acordo com o magistério eclesiástico. É que, em seu entender, "não se pode confundir com amor o faltar à verdade por um mal entendido sentido de compreeensão". E sublinha: "Não temos o direito de expressar critérios redutivos ao nosso arbítrio, ainda que seja com a melhor das intenções." A terminar, um aviso: "Como ministros da Eucaristia e da Reconciliação sacramental, compete-nos, de modo especial, a tarefa de difundir no mundo a esperança, bondade e paz". Palavras que, em resumo, significam um apelo à "coerência"


Fonte DN

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