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Pontificado de João Paulo II com fim inglório
2002-03-26 17:15:39

Entre os vaticanólogos cresce a convicção de que se aproxima um fim inglório para João Paulo II, o homem que teve um contributo decisivo para a queda do Muro de Berlim, mudando o rosto das relações geopolíticas mundiais.


Depois de mais de duas décadas à frente da Igreja Católica, sendo já um dos Papas com um dos mais longos pontificados da história, há desilusões demasiado fortes que estão a manchar os seus sonhos. E a saúde é débil.

Desde que subiu ao cume da hierarquia, João Paulo II sempre insistiu junto dos padres para que dessem exemplo de vida e de santidade. Os últimos acontecimentos nos EUA tê-lo-ão abalado como um sismo em terras de pântanos. Todo o pecado é comunitário, assim o entende a Igreja, mas a pedofilia fere os mais indefesos da sociedade. Quem conhece João Paulo II, garante que cada notícia envolvendo os padres em actos pédófilos seria como setas dirigidas ao seu corpo cada vez mais curvado e cansado.

Não menos dolorosa será a "morte" de alguns dos seus sonhos de início de pontificado. A Terra Santa foi um projecto de paz e de diálogo inter-religioso em que prometeu empenhar-se. Há dois anos ali se deslocou, não faltando quem prevesse o fim da sua vida junto ao Santo Sepulcro. Pregou a concórdia, chamou à mesma mesa diferentes credos, e pediu que se lançassem sementes de esperança. O mundo concentrou-se na viagem e acreditou no "milagre". Passados dois anos, a morte preside em Jerusalém.

Perante as incertezas e desâmicos, Karol Woijtila apostou nos religiosos, como portas para um novo mundo. Chamou-os uma primeira vez a Assis, em 1986, para que rezassem pela paz, e previu um novo milénio com a esperança renovada. Mas o século XXI abriu-se ressuscitando cruzadas de histórica amargura.

Nos princípios de 2002, uma nova chamada a Assis, de todos os religiosos, serviu para avivar a memória. Os resultados poderão um dia ser os que deseja o Papa. Por agora, continua o nome de Deus a ser invocado em vão.

E a sua querida Rússia continua a odiá-lo. Ainda ontem um alto responsável do patriarcado de Moscovo dizia que receber João Paulo II seria como aceitar um aperto de mão entre Ossama ben Landen e George Bush. E claro, neste caso, o terrorista é o Papa. O sonho de beijar o chão da Praça Vermelha está morto.

O olhar para dentro também o fere. Uns desconfiam da rápida canonização do fundador da Opus Dei, outros acham-no demasiado tolerante com outras religiões e intolerante na moral e na teologia. Os analistas interrogam-se: Aproxima-se um fim inglório?


Fonte DN

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