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Papa "Perturbado" pelo Pecado da Pedofilia de Alguns Padres
2002-03-24 10:42:25

Os padres católicos têm sido "pessoal e profundamente perturbados pelos pecados de alguns" colegas de sacerdócio, "que atraiçoaram a graça recebida na ordenação, chegando a ceder às piores manifestações do 'mysterium iniquitatis' [mistério do mal] que actua no Mundo", diz o Papa João Paulo II numa carta aos sacerdotes católicos, a propósito dos recentes escândalos de padres pedófilos que abalaram a Igreja Católica, sobretudo nos Estados Unidos.

Na carta, que o Papa dirige aos padres por ocasião do dia de Quinta-Feira Santa de 2002, que ocorre na próxima semana, João Paulo II diz que se originaram "escândalos graves, com a consequência de uma pesada sombra de suspeita lançada sobre os restantes sacerdotes benfazejos, que desempenham o seu ministério com honestidade, coerência e até caridade heróica". Ao mesmo tempo, o Papa faz questão de afirmar que a Igreja "manifesta a sua solicitude pelas vítimas e procura dar resposta, segundo a verdade e justiça, a cada penosa situação".

Esta referência ao problema vem no final de um documento todo ele dedicado ao tema da confissão. Mas a sua apresentação no Vaticano, feita quinta-feira pelo cardeal Dario Castrillon Hoyos, prefeito da Congregação para o Clero (CC), foi acompanhada da divulgação de um outro: uma declaração de Hoyos, em que se defende que a Igreja Católica "nunca negligenciou o problema dos abusos sexuais, sobretudo da parte dos ministros sagrados, não apenas contra os fiéis em geral, mas especialmente contra os menores".

Ambiente de "libertinagem"
Na declaração, o cardeal faz notar que, num ambiente de "libertinagem" que se vive no Mundo, alguns padres, que também são "homens desta cultura, cometeram o grave delito de abuso sexual". E, apesar de não haver estatísticas comparativas sobre esta realidade em outras profissões - "médicos, psiquiatras, psicólogos, educadores, desportistas, jornalistas, políticos" -, o responsável da CC cita um estudo americano segundo o qual 3 por cento do clero americano teria tendência para abusar de menores e 0,3 por cento seria pedófilo.

Mesmo num ambiente de "relaxamento" da moral sexual, o cardeal Castrillon Hoyos considera que "felizmente" se desenvolveu em vários países um "sentido de rejeição" da pedofilia. Recordando depois várias intervenções do Papa sobre a matéria, o cardeal citou a própria alteração das regras da Igreja, que aumentou dos 16 para os 18 anos a idade limite da vítima para penalizar canonicamente os actos pedófilos cometidos por padres.

O cardeal defendeu ainda que nenhum padre envolvido em suspeita deve ser subtraído à justiça, mas insistiu sobre a "rapidez do processo". As regras da Igreja, acrescentou, são "sérias e severas", concebidas para tratar dos problemas internos no seu seio, o que não significa que os suspeitos não compareçam perante um tribunal comum, tal como os outros cidadãos. E, defendendo a mesma atitude da Igreja, concluiu, em forma de desafio: "Citem-me uma única instituição que tenha regras tão precisas e tão severas quanto as nossas na matéria".

Fonte Público

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