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A morte em nome de Deus
2002-03-10 17:24:30

Os conflitos religiosos estão a matar muita gente. O ponto quente é agora a Índia, depois de na Indonésia se terem acalmado as agressões entre cristãos e muçulmanos. As relações entre o Vaticano e o patriarcado ortodoxo de Moscovo são, na actualidade, um exemplo a evitar.

E, em Espanha, alguns crentes islâmicos tentaram rezar, à força, no interior de uma catedral católica, reivindicando a mesquita que ali existiu. A realidade suscita a pergunta: "Onde está o espírito de Assis?"

A grande dúvida é perceber-se, ao certo, o motivo de tanta exacerbação. Relativamente às relações entre os cristãos, sabe-se que a Igreja Católica quer estabelecer-se, definitivamente, na Rússia, evocando um passado anterior a 1917. Então, detinha circunscrições eclesiásticas estáveis, com seminários, igrejas, dioceses, etc. Mas, tratando-se de um país maioritariamente ortodoxo, Alexis II, o patriarca de Moscovo, prefere manter o país fechado à concorrência religiosa. Os políticos, por seu lado, parecem interessados em dar-lhe o seu apoio, embora já tenham elaborado uma constituição livre e aberta à maioria das confissões.

O Vaticano, por seu lado, optou por uma política agressiva. Recentemente erigiu no país quatro dioceses, provocando um coro de protestos. E como as portas continuam fechadas ao Papa, este resolveu entrar virtualmente, via satélite. Os protestos aumentaram, assim como a distância entre Moscovo e a Santa Sé.

As relações entre hindus e muçulmanos tendem também a agravar-se. O palco mais quente é agora a Índia, onde os hindus reivindicam a construção de um templo num local onde se encontra uma mesquita. Os confrontos por esta causa já provocaram centenas de mortes. Mas o mais aberrante é o facto de os hindus estarem a dirigir os seus protestos contra o partido que está no Governo. Ao que parece, a construção do templo estava prevista no programa eleitoral.

Em Narazé, na Palestina, a projectada construção de uma mesquita, junto à igreja católica da Anunciação, foi travada pelo Governo de Israel, depois de muito pressionado pelo Vaticano. A questão, que dura há muitos anos, teve um enlace que provocou, naturalmente, a ira dos muçulmanos. As relações com os católicos, actualmente tensas, vão com certeza azedar.

No Paquistão, a velha rivalidade entre muçulmanos sunitas e xiitas, duas tradições tão antigas quanto a própria religião islâmica, tem provocado algumas mortes. Os indícios apontam para o avolumar do conflito, e os líderes religiosos e políticos mostram-se completamente impotentes.

No Uganda, as tropas regulares mataram 80 guerrilheiros do chamado "Exército de Resistência do Senhor". As razões são naturalmente políticas, mas não deixa de ser preocupante a denominação usada pelo grupo guerrilheiro, afirmando-se cristão.

Esta semana surgiu outra notícia surpreendente. Em Cordoba, Espanha, um grupo de muçulmanos tentou rezar na catedral, evocando a mesquita ali antes erigida. A manifestação não teve grandes repercussões, mas poderá ter significado um sério aviso à navegação da União Euiropeia.

Sinais positivos vieram da Indonésia. Depois de terem morrido milhares de pessoas ao longo de vários anos, os cristãos e muçulmanos das ilhas Molucas resolveram, finalmente, celebrar juntos a paz. Ver-se-á até quando.

Entretanto, João Paulo II acaba de enviar, a todos os chefes de Estado, uma carta com o "Decálogo de Assis pela paz". A iniciativa é louvável, assim como foi o encontro inter-religioso realizado na cidade de S. Francisco, no mês passado. Mas, ao que parece, só o sonho comanda a vida.

Fonte DN

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