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Comunicar não é apenas passar uma mensagem
2000-11-05 18:45:47

Padre português defendeu tese provando que foi redutor o modo como o Concílio abordou o tema da comunicação social.

"O facto de os media terem adquirido no mundo ocidental da actualidade um lugar de destaque, fez esquecer o papel absolutamente primordial que deve desempenhar a comunicação interpessoal. Afinal, a comunicação através dos media é apenas uma forma de comunicar que deve ser situada num campo muito mais vasto que é o da comunicação humana." As afirmações são do padre Nuno Brás, director do Jornal Voz da Verdade, e inserem-se numa tese defendida em Roma com vista à obtenção do doutoramento em Teologia. O essencial do seu trabalho foi recentemente publicado pelas Edições Didaskalia, com o titulo Cristo, o Comunicador Perfeito: Delineamento de Uma Teologia da Comunicação à luz da Instrução Pastoral "Communio et Progressio".

Segundo Nuno Brás, o próprio Concilio Vaticano II, com a instrução pastoral Inter Mirifica, teve a tentação de centrar as reflexões sobre a comunicação social apenas nos instrumentos, como ponto de partida para uma abordagem eclesial (pastoral e teológica) da comunicação. Mas, conforme explicou ao DN, o próprio Papa Paulo VI se apercebeu dessa perspectiva redutora e mandou que se elaborasse uma nova instrução pastoral, surgindo, assim, em 1971, a Communio et Progressio. "Este documento procurou situar os instrumentos numa realidade maior que é a comunicação humana", afirmou o autor da tese.

Nuno Brás, que para além de padre e jornalista, é também professor de Teologia da Comunicação na Universidade Católica Portuguesa e na Universidade Gregoriana, em Roma, considera que, para o ser humano, "comunicar não é simplesmente fazer passar uma mensagem, através de um canal, de um emissor a um receptor". Este "é o modelo que usam as máquinas", sublinha.

Em seu entender, os media vieram modificar um tipo de cultura marcada pela oralidade e pela escrita, ou seja, "a imagem, a emoção e o raciocínio analógico passaram a predominar sobre a palavra, a lógica e o raciocínio dedutivo". Neste sentido, "a comunicação interpessoal viu, assim, abrirem-se novos horizontes, até há pouco tempo desconhecidos".

Então, que contributo pode dar a instrução pastoral Communio et Progressio para a elaboração de uma teologia da comunicação?

Centrando-se neste documento, Nuno Brás evidencia o facto de Jesus ser apresentado como o "comunicador perfeito", não por ser capaz de passar uma mensagem mas porque garante a comunhão com o homem". Como tal, "a comunicação deixa de ser apenas o simples transmitir de qualquer coisa para passar a ser um diálogo". Em suma, o modo como Jesus transmite a mensagem, convidando a uma resposta de comunhão, que é salvação, prova que a "a comunicação não é qualquer coisa de acidental e suplementar, mas o único modo de se ser completamente humano".

Fonte DN

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