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Arcos de Valdevez: médica cala sinos da igreja
2002-02-27 13:22:32

Uma médica galega socorreu-se da Lei do Ruído e obrigou os sinos da igreja paroquial de Couto, Arcos de Valdevez, a ficar calados durante a noite, mas o pároco e elementos da população não gostaram.

Maria Belém, funcionária no centro de saúde local, alegou que não conseguia suportar mais as "cerca de cento e cinquenta badaladas" que todos os dias a acordavam pelas 6 e 30, quando os sinos tocavam para a missa, e apresentou queixa.

"Eram dez minutos de um ruído ensurdecedor que me entrava pela casa dentro e me acordava no melhor do sono", refere Maria Belém, ameaçando recorrer para o tribunal se a lei não fosse cumprida. Perante esta posição de força, o pároco de Couto, António Santamarinha, não teve outro remédio senão mandar calar os sinos das 20 às 8 horas, não chamando, portanto, os fiéis para a missa da manhã, à excepção de domingo, por acordo da médica.

Mas António Santamarinha não esconde algum desencanto e alguma revolta com a situação, dizendo que lhe custa a crer que a referida médica, morando numa "casa nova e bem construída", se sinta tão incomodada com o toque dos sinos, "que dá apenas cerca de 30 badaladas e não 150".

"É certo que a lei existe, mas esta é uma questão de manifesta má vontade por parte dessa médica", acrescenta o padre, confessando que nunca uma situação destas se lhe tinha deparado nos cerca de 44 anos que está à frente dos destinos da paróquia.

Revoltado com esta situação está também o povo da freguesia, que até já pondera criar uma comissão que promova a defesa do toque dos sinos para a missa. "Se o sino tocou toda a vida, não é por causa de uns estranhos que aqui aparecem que deve deixar de tocar", referiu Rosa Ferreira, de 76 anos, que mora perto da igreja e não esconde a sua indignação por haver leis que se sobrepõem a tradições antigas.

"Essa médica está cá há uns meses e já quer alterar os usos e costumes da terra, mas a culpa é também dos nossos governantes, que fazem leis que chocam com as mais profundas raízes culturais do nosso povo e das nossas terras", disse, por seu turno, o dono de uma mercearia.

O presidente da Junta de Freguesia de Couto, Manuel Barbosa, considera que esta questão "está a ser empolada" e que ainda não teve conhecimento de nenhuma manifestação de descontentamento da freguesia, acrescentando que "não acha bem" a forma como algumas vezes os sinos tocam. "Perturbam o sossego dos moradores, há que evoluir", referiu ainda o autarca, reafirmando-se "completamente a leste de qualquer polémica".


Fonte DN

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