paroquias.org
 

Notícias






Padre Nega Alegado Abuso Sexual
2000-11-01 11:36:46

Começou rodeado de emotividade e muita confusão, o julgamento do padre Francisco Serra, acusado de ter tentado abusar sexualmente de uma menina de 12 anos no Lar Flor-de-Lis, uma das quatro instituições de acolhimento de menores em risco que fundou e por onde já passaram várias centenas de crianças.

o Tribunal Judicial de Leiria ouviu o padre, que se diz inocente, e a alegada vítima, hoje com 15 anos. De acordo com uma investigação iniciada há dois anos pela Inspecção-Geral da Segurança Social (IGSS) e posteriormente remetida ao Ministério Público, em 1997, Francisco Serra terá tentado abusar sexualmente da menor no interior do lar, tocando-a, até a chegada inopinada de uma funcionária pôr cobro à situação. O padre nega ter alguma vez tentado fazer tal coisa e ontem, no tribunal, não faltavam testemunhas e amigos, sobretudo actuais e antigos funcionários e utentes dos lares, dispostos a avalizar a idoneidade do pároco e a apresentar esta situação como um "complot" de contornos imprecisos que, em última análise, visaria afastar o fundador da instituição particular de solidariedade social que dirige.

E, à semelhança do sucedido a 4 de Outubro passado, quando a primeira audiência foi adiada por ausências do lado das testemunhas de acusação, também ontem os amigos do sacerdote se insurgiram contra a presença de jornalistas no tribunal, onde o julgamento decorre à porta fechada. "Não há eleições no Benfica, o país pára para acusar o padre Serra. Das crianças que lá estão [nos lares da 'Obra do Padre Serra'] ninguém quer saber", protestavam.

Pai não acredita
Fátima Amorim, a madrasta da criança alegadamente molestada, começou por dizer à comunicação social que o Lar Flor-de-Lis não lhe dava garantias quanto ao bem-estar dos quatro filhos que o tribunal de menores internou na instituição: "Ela, ali no colégio, bem não está", afirmou sobre a enteada, justificando-se também com queixas de maus tratos que conta ouvir aos filhos. "E eu acredito. A minha mais pequena, ainda no mês passado, mostrou-me a perna toda marcada da frigideira com que lhe bateu a empregada", acrescentou. E reiterou que a enteada lhe contara que o padre tentara "meter-lhe as mãos, mas não fez nada porque apareceu uma funcionária". Contudo, poucos minutos depois, Fátima Amorim já manifestava uma opinião diferente, agora coincidente com a do marido que, logo à chegada, foi muito claro ao avisar que a queixa da filha não lhe merecia credibilidade: "Eu não acredito. O homem [o padre Serra] já há anos que tem esta profissão, sem nenhuma queixa. Anda alguém a manipular, para mim inocente ele é. Com tanta criança, algumas já mulheres... Ele levava a minha filha para todo o lado, se quisesse alguma coisa, não fazia aquilo no colégio", declarou ao PÚBLICO.

A madrasta também acabou por se queixar da IGSS, que não a terá deixado ver a enteada nos últimos dias, e fazer coro com os amigos do padre Serra, que associam a acusação a uma suposta "manipulação" da assistente social do Lar Flor-de-Lis.

Na interrupção para almoço, Alves Cardoso, o advogado de Francisco Serra, convidado a precisar a acusação que pende sobre o seu constituínte, limitou-se a afirmar que o padre Serra "é acusado de ser um homem bom, de ajudar os outros, de ter quatro lares. É um homem fabuloso, pobre, tomáramos nós ter mais destes!". Entre as cerca de dezena e meia de testemunhas de defesa, dois jovens de 13 e 23 anos, criados nos lares fundados pelo padre, reforçavam que Francisco Serra é "uma das melhores pessoas" que conhecem, "um pai".

Fonte Público

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia