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As relações Ortodoxos - Católicos
2002-02-19 21:51:29

Quer aceitar e tutelar os direitos fundamentais de liberdade de consciência e religiosa, que são a base de qualquer forma de convivência civilizada e pluralista?

A questão, dirigida ao Patriarcado Ortodoxo Russo, foi levantada, dia 15 de Fevereiro, por Joaquín Navarro-Valls. Respondendo a questões colocadas pela imprensa, o director da Sala de Imprensa da Santa Sé frisou que aqueles direitos implicam que “todo o culto seja reconhecido e respeitado na sua identidade específica, evitando discriminações, por motivos religiosos, entre os cidadãos, como aliás o garantem as leis civis da Federação Russa”.
Esta questão vêm no seguimento das posições tomadas, dia 12 de Fevereiro, pelo Santo Sínodo Ortodoxo, que reuniu de emergência, para avaliar a criação, dia 11 de Fevereiro, de 4 dioceses católicas na Rússia e que levou ao cancelamento da visita, a Moscovo, do Presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos. O Cardeal Walter Kasper deveria, dias 21 e 22 de Fevereiro, encontrar-se com o Patriarca Ortodoxo Russo, Alexei II, para dialogar sobre as relações entre as duas Igrejas. Dia 13 de Fevereiro o Metropolita Kirill, nº 2 da hierarquia ortodoxa russa e Presidente do Gabinete Ortodoxo para as Relações Ecuménicas, fazia o pedido oficial para que a visita não ocorresse, tendo já afirmado, no próprio dia da criação das dioceses, que “não temos mais nada a dizer uns aos outros”.
Reagindo ao comunicado e à posição tomada pelo Santo Sínodo Ortodoxo, o Bispo católico russo D. Tadeusz Kondrusiewicz, em declaração oficial (disponível na íntegra em www.agenciaecclesia.org, na secção Documentos), exprime a “perplexidade e séria preocupação por causa da ingerência nas questões internas da Igreja Católica na Rússia”, rebatendo, ponto a ponto, as afirmações e questões levantadas por aquele Sínodo.
É recordado, à hierarquia russa, o que prevê o Código do Direito Canónico da Igreja católica no que a estruturas pastorais diz respeito, é sublinhada a presença de estruturas diocesanas na Rússia, da Igreja Católica, já nos séculos XIV/XV e é apontado o dedo à existência de metropolitas ortodoxo russos em países como a Bélgica, Alemanha ou Lituânia, sem que “ninguém da Igreja Católica tenha levantado objecções, já que os títulos de metropolita são questão interna da Igreja Ortodoxa, que nomeia os seus pastores segundo as suas próprias necessidades”.
Quanto ao proselitismo, de que o Patriarcado Ortodoxo russo acusa a Igreja Católica, D. Kondrusiewicz recorda que, nos últimos 11 anos, foi várias vezes solicitado à Igreja Ortodoxa Russa que “avaliasse factos concretos de proselitismo dos católicos na Rússia. Gostaríamos de saber quem, onde, quando, em que circunstâncias foi protagonista ou é protagonista actualmente de acções de proselitismo”. “Infelizmente, não nos foi dado conhecer nada sobre o assunto”, conclui o Bispo católico russo.
Já na Duma (Câmara Baixa do Parlamento russo), dia 15 de Fevereiro, um grupo de ultranacionalistas russos, liderados por Vladimir Zirinovski, Vice-Presidente daquela Câmara, conseguiu que uma Comissão parlamentar empreenda uma investigação sobre o proselitismo da Igreja Católica no território da Federação Russa. Entre outros pontos, foi solicitada informação ao Ministério dos Assuntos Exteriores sobre possíveis atentados contra a liberdade de consciência cometidos pela Igreja Católica naquele território, bem como a não concessão de vistos de entrada no país a quaisquer representantes do Vaticano.
O Ministério dos Assuntos Exteriores fez, entretanto, saber que “lamenta o facto de uma decisão tão importante ter sido tomada sem levar em conta o parecer russo”. Esta posição, expressa em nota, suscita, segundo a Agência Fides, perplexidade pois o Núncio Apostólico de Moscovo teria comunicado, dia 4 de Fevereiro e através de canais diplomáticos, a criação das 4 dioceses católicas, não se tendo registado nenhuma objecção daquele Ministério.


Fonte Ecclesia

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