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Fazer justiça à dignidade do trabalho das mulheres
2002-02-18 21:38:01

Mensagem do Movimento Mundial dos Trabalhadores Cristãos (MMTC) para o Dia Internacional da Mulher – 8 de Março de 2002



A Direcção Executiva da LOC/MTC de Portugal, divulga a Mensagem do MMTC para o Dia Internacional da Mulher, a qual subscreve na integra:

“Dois anos depois da Marcha Mundial das Mulheres, há situações gritantes de injustiça que persistem no que diz respeito aos direitos das mulheres no trabalho. Citemos alguns factos:

· Na maior parte dos países, a trabalhadora tem um salário 10 a 30 % inferior ao do homem, para um trabalho igual.* No Brasil, na metalurgia, as mulheres executam trabalhos pesados com um salário menor.
· Nas zonas francas, as trabalhadoras grávidas são despedidas.
· Na África e nos países árabes, sob pretexto da tradição, os direitos da mulher são negados: um luto prolongado impede a mulher de retomar o seu posto de trabalho; a mulher não pode escolher o seu género de trabalho.
· No Afeganistão, repressão das mulheres pela proibição do trabalho fora de casa e o não acesso à escolarização.
· Em todos os continentes, continua a exploração da trabalhadora doméstica.
· A plano mundial, 40% dos trabalhadores sindicalizados são mulheres e somente 1% dos dirigentes são mulheres.*

O que é ainda mais significativo: um grande número de mulheres não reconhece a sua dignidade, o valor do seu trabalho e a sua capacidade de se comprometer para fazer mudar as coisas.

Neste século XXI, as coisas mudam ... mas muito pouco para as mulheres. Elas continuam a trabalhar na família, na agricultura, no voluntariado, no sector informal, ou como assalariadas, sem serem reconhecidas no seu justo valor. A maior parte delas têm tarefas duplas: o trabalho em casa e o trabalho no exterior. Muitas vezes é uma necessidade quando elas têm de sustentar a família ou quando o salário do marido não é suficiente. Não se trata aqui do consumo desenfreado, mas antes de assegurar o essencial !

O MMTC diz NÃO a estas injustiças que ameaçam a própria existência da mulher, o seu direito à palavra, a sua liberdade, o seu desenvolvimento, que desprezam os seus direitos fundamentais, que a esmagam sob o peso da tradição e da religião, e privam a sociedade dos seus talentos.

O MMTC acredita na dignidade da mulher como filha de Deus, seu Criador, que a fez à Sua Imagem e igual ao seu companheiro, confiando-lhes uma tarefa comum, para trabalhar a terra ao serviço da humanidade. Lembra a atitude de Cristo durante a sua vida na terra, enfrentando as tradições do seu tempo, denunciando o que ofendia a dignidade humana, em particular a das mulheres.

O MMTC afirma que a mulher é uma cidadã a tempo inteiro. Proclama a urgência da aplicação dos direitos sociais, económicos e culturais da mulher, tal como foram definidos na Carta da Nações Unidas em 1945.

O MMTC alegra-se com a protecção da maternidade promovida pela Convenção e Recomendação do BIT: proibição de despedir uma mulher grávida ou em licença de parto, pagamento dos subsídios de maternidade.*

O MMTC reconhece e apoia a acção das mulheres e dos homens do seu próprio Movimento e a de todos os grupos da sociedade civil que, sem parar, lutam para que a igualdade homem-mulher se torne realidade. Sublinha a importância do trabalho das mulheres nas Igrejas, junto dos grupos sociais mais carenciados (refugiados, prisioneiros, doentes), e no seio da família.

O MMTC faz apelo a todas as mulheres para que tomem consciência da sua dignidade e do valor do seu trabalho em todos os sectores, que denunciem o que entrava o exercício dos seus direitos e se comprometam no plano sindical. Encoraja os casais a partilharem tarefas de paternidade e domésticas, para uma vida mis humana.

O MMTC pede aos Governos que facilitem a sindicalização das mulheres, em particular nas zonas francas e em todos os sectores onde há exploração. Pede expressamente que se legisle a igualdade salarial homem-mulher, que se reconheça explicitamente o trabalho familiar e voluntário das mulheres com um estatuto específico e um crédito financeiro.

O MMTC não faz como a avestruz, sabe que a vitória ainda não foi alcançada. Entretanto, cada vez mais homens e mulheres são aliados e procuram caminhar em conjunto, lado a lado, invertendo o ditado popular: “Atrás de cada homem, há uma mulher”. À força de esquecer a mulher e de negar os seus direitos a um trabalho reconhecido, não acabaremos por nos privar de metade da humanidade e de um caminho de felicidade incontornável?”

Conselho Executivo do MMTC (Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos)

* fonte: BIT (Bureau Internacional do Trabalho)


Fonte Ecclesia

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