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Guerras sem Deus
2002-01-26 13:42:24

Não pode a guerra ser feita em nome de Deus, ou de como religião tem de ser significante de paz. Mensagem única sob várias formas, interpretação na diversidade de uma crença comum, a jornada de oração que o Papa levou a cabo em Assis, Itália, juntando duas centenas de líderes de quase 50 confissões religiosas, funciona como sonora negação de princípios invocados tantas vezes pelos promotores da violência.


Espoletada pelos acontecimentos de 11 de Setembro, a iniciativa foi a terceira do género no pontificado de João Paulo II _ a segunda presidida pelo pontífice católico _, recaindo sempre a escolha na cidade natal de S. Francisco, o santo mais associado à paz na história da Cristandade. Numa tenda montada em frente à imponente basílica de Assis, sucederam-se as mensagens de paz dos diversos líderes, e todos, cada qual à sua maneira, rezaram pela acalmia de tão conturbado início de milénio, algo que se repetiu, de múltiplas maneiras, pelos quatro cantos do Mundo.

Apelo ao diálogo
"Queremos ter a nossa parte no afastamento das negras nuvens do terrorismo, do ódio, do conflito armado que, nos últimos meses, cresceu de forma particularmente ameaçadora no horizonte da Humanidade", disse o Papa, apelando às virtudes do diálogo inter-religioso ("queremos ouvir-nos uns aos outros") e vendo "um sinal de paz" na iniciativa de ontem: "As sombras não serão dissipadas com armas. A escuridão só é afastada lançando sobre ela brilhantes raios de luz".
Ausentes em Assis, por terem participado numa jornada pela paz em Alexandria (Egipto), o arcebispo de Cantuária e o grande iman da mesquita de Al-Azhar enviaram mensagens. George Carey, o principal prelado da Igreja Anglicana, fez saber que "viver em harmonia com os vizinhos" significa "alimentar os que têm fome e dar tratamento médico aos que estão doentes", enquanto o xeque Mohammed Sayyed Tantawi, a maior autoridade do Islamismo sunita, realçou que "todas as religiões monoteístas pregam que o ser humano deve apoiar a lei e a justiça, devolvendo aos legítimos proprietários os seus direitos", numa clara alusão ao conflito israelo-palestiniano.

Mudar globalização
Ishmael Noko, da Federação de Igrejas Luteranas, salientou a necessidade de a globalização, mais do que transformar o Mundo numa "arena para competição brutal", consistir na "busca do futuro comum da Humanidade". Mais catastrófico foi o patriarca ecuménico das
igrejas ortodoxas, Bartolomeu I: "Se persistirmos em paixões pecaminosas, comportamento malévolo, ganância e egoísmo, o tumulto da guerra aumentará e o desastre atacará a Terra e toda a espécie humana".
A mensagem de paz está patente mesmo nas religiões mais simples, ou menos representativas, sendo disso exemplo as palavras de Amadou Gasseto, alto sacerdote do Avelekete Vudu, fé animista da África Ocidental: "Numa nação, quando as pessoas trabalham pela paz, aterra torna-se generosa e as manadas multiplicam-se, para bem do homem. É uma lei chave da natureza, que vem do criador".
Paradoxal, à primeira vista, pode parecer o discurso do rabi Israel Singer, presidente do Congresso Mundial Judaico: "Mesmo quando somos mandados para a guerra contra os nossos inimigos, somos instados por Deus a dar-lhes a oportunidade de se renderem pacificamente, e só se a oferta for recusada estamos autorizados a erguer as nossas armas contra eles".

Fonte JN

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