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Homenagem a Padre "Inquietante"
2000-10-21 15:34:38

O padre Alberto Azevedo, professor de Religião e Moral de sucessivas gerações de estudantes e antigo assistente da Acção Católica, será hoje objecto de uma homenagem pública em Braga, por ocasião dos seus 50 anos de sacerdócio. Uma das consciências críticas mais agudas da arquidiocese bracarense, Azevedo dizia há quatro anos, no PÚBLICO, que, numa terra de cónegos e arcebispos, é "apenas" um padre.



"Um homem inquieto e inquietante", é como o padre Anselmo Borges, da Sociedade Missionária da Boa Nova, define o homenageado de hoje. Borges fará mesmo uma conferência sobre o tema "Padres para o novo milénio", mas, sobre a personalidade de Azevedo, considera que o que ressalta é a sua dimensão de educador: "Educador de gerações de jovens para a liberdade, a dignidade e a justiça, valores fundamentais do ser homem enquanto cristão", define.

Um homem que também "não teve medo de fazer perguntas e de levar os jovens a fazer perguntas". O padre Azevedo, como Martin Heidegger, toma a pergunta como "a piedade do pensamento". E, perante a interrogação de Jesus Cristo na cruz "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?", o padre Azevedo sabe que a resposta é a ressurreição e a alegria, explica ainda Anselmo Borges. De tal modo que, ao distribuir as hóstias na comunhão, Azevedo se dirige às pessoas dizendo: "O Senhor te faça feliz".

Ordenado padre em 15 de Agosto de 1950, Alberto Azevedo trabalhou no "Diário do Minho", o jornal da diocese, no Seminário Conciliar e no paço episcopal. Em 1956, começou a leccionar no então Liceu de Sá de Miranda, onde, como confessava há quatro anos, lhe custou a adaptação "à linguagem dos mais novos". Pouco tempo depois, já o consideravam um "padre diferente, mesmo pela maneira como falava".

Polémico, opositor do Estado Novo, frontal com os sucessivos arcebispos, Alberto Azevedo bebeu de pensadores como Emmanuel Mounier, Jacques Maritain e, sobretudo, o brasileiro humanista Alceu Amoroso Lima, com quem travou uma profunda amizade. Apaixonado pela escola, grande conversador e contador de histórias, o agora homenageado mantém ligação às actuais gerações de estudantes com a realização de diversas actividades.

A sessão de homenagem começa às 16h00, no anfiteatro da Faculdade de Filosofia, em Braga, incluindo uma actuação de coro e orquestra do Grupo Musical de Fiães, leitura de poemas por elementos do Sindicato de Poesia e vários testemunhos, além da conferência de Anselmo Borges. A iniciativa termina com uma missa na Igreja de São Lázaro, às 19h00, seguida de um jantar.


Fonte Público

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