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Entre o facto e o desejo
2002-01-05 01:57:13

Intenção do Santo Padre para o Apostolado da Oração - mês JANEIRO

Que os cristãos intensifiquem os seus esforços para, juntos, anunciar a Jesus Cristo, único Salvador do mundo.

1. A divisão dos cristãos. É um facto tão antigo como a Igreja de Cristo. Se tivermos em conta a tradição bíblica, podemos perceber como, logo nos primeiros anos depois da morte e ressurreição de Cristo, as comunidades cristãs conheceram dissensões internas e o risco da divisão. S. Paulo testemunha-o de modo claro, gritando aos cristãos de Corinto divididos em “partidos” religiosos, segundo os nomes mais sonantes do tempo: “Estará Cristo dividido?” E o Evangelho segundo S. João, bastante posterior a esta Carta de Paulo, colocando na boca de Cristo o pedido da unidade entre os discípulos (cfr. Jo 17, 11 ss), não será, também, um reflexo das divisões que a Igreja já então conhecia? As primeiras heresias aparecerão pouco tempo depois e as suas consequências ainda hoje têm expressão eclesial…

2. A unidade dos cristãos. É um desejo antigo, testemunhado pelos textos citados anteriormente. Os cristãos mais sensíveis às consequências pessoais e comunitárias da condição de discípulo de Cristo, sempre entenderam quanto a ausência de unidade contradiz o espírito do Evangelho e a vida, morte e ressurreição de Jesus. Tal não impediu as divisões e cismas, as heresias e conflitos… mas também nunca deixou de constituir aguilhão a chamar de novo à unidade querida por Cristo e experimentada como exigência por todos quantos vivem intensamente a sua pertença a Cristo, em Igreja. Durante séculos, infelizmente, as circunstâncias históricas e a fraqueza humana permitiram que se afirmasse quase sempre o facto da divisão contra o desejo da unidade… E, hoje, somos ainda herdeiros deste legado.

3. Entre o facto e o desejo. O séc. XX assistiu a uma viragem decisiva nas comunidades eclesiais: contra o facto da divisão passou a experimentar-se cada vez com maior intensidade o desejo da unidade, afirmado no movimento ecuménico. O Concílio Ecuménico Vaticano II seria, para a Igreja Católica, inicialmente à margem deste movimento, a ocasião de assumir definitivamente o desejo da unidade, sem ignorar o facto da divisão e as suas causas. Do mesmo modo, os últimos Papas foram arautos incansáveis deste desejo, assumindo compromissos e realizando gestos profeticamente corajosos em seu favor. João Paulo II tem confirmado este empenho genuinamente evangélico, sem ignorar as dificuldades do caminho a fazer – indo, em muitos aspectos, mais longe do que os seus antecessores. Só neste contexto se entende plenamente a sua carta encíclica sobre o ecumenismo Ut unum sint, bem como diversas outras intervenções públicas e os encontros que vem mantendo com representes das diversas Igrejas, em muitas das suas viagens e também em Roma.

4. Valorizar o essencial. O caminho ecuménico só faz sentido se estivermos dispostos a valorizar o essencial – a pertença a Cristo e o anúncio do seu Evangelho. Quanto às legítimas diferenças entre tradições e comunidades eclesiais, não deverão nunca ser motivo de escândalo nem objecto de contenda – devem, pelo contrário, ser vistas como expressão da multiforme riqueza do Espírito de Cristo, que não deixa de estar presente na sua Igreja. Só deste modo será possível cumprir a Intenção do Santo Padre para este mês, promovendo o anúncio, em unidade, de Cristo, único Salvador do mundo. O próximo Oitavário pela Unidade dos Cristãos é uma oportunidade para dar expressão a este compromisso com o essencial, mais ainda tendo em vista o Encontro de Assis, no próximo dia 24. Nesta altura, cristãos das mais diversas Igrejas e representantes de grande parte das religiões mundiais encontrar-se-ão com o Papa para rezar pela paz. Como não desejar que os cristãos se apresentem, nesta ocasião e sempre mais no futuro, unidos no essencial e acolhendo respeitosamente as diferenças?

Fonte Ecclesia

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