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Bispo sem funeral solene
2002-01-03 12:01:43 As cerimónias fúnebres de Mattia Pei Shangde, o bispo católico de Pequim, nomeado pelo Vaticano mas não reconhecido pelas autoridades chinesas, decorreram, ontem, em Zhangjiapu.
Um porta-voz da aldeia de Zhangjiapu, situada na província de Hebei, que rodeia Pequim, referiu que o funeral teve início às 10 horas, "na presença de 200 a 300 pessoas, na sua maioria amigos do falecido". "Há muito poucas pessoas vindas do exterior", acrescentou, sem confirmar a existência de restrições impostas pelas autoridades.
Membro da Igreja Católica "clandestina", combatida pelo regime chinês, Mattia Pei Shangde morreu, com 83 anos, no dia 24 de Dezembro.
Depois de ter passado dez anos num campo de trabalho durante a revolução cultural, foi consagrado bispo da capital chinesa pelo Vaticano em 1980, nomeação rejeitada por Pequim, que tinha já consagrado o seu próprio prelado na pessoa de Fu Tieshan.
Em Abril passado, foi colocado em regime de prisão domiciliária, sendo vigiado até na cama do hospital, onde morreu.
De acordo com a agência Fides, do Vaticano, a polícia chinesa terá recusado o funeral solene que a sua paróquia tinha preparado, aceitando apenas uma pequena cerimónia e proibindo os católicos de se deslocarem a Zhangjiapu.
Coexistem na China duas igrejas católicas: a patriótica (prestou juramento a Pequim, conta com cerca de quatro milhões de fiéis e não reconhece a autoridade do Papa), e a "clandestina" (integra igualmente milhões de seguidores e manteve-se fiel ao Vaticano).
Liu Bainian, vice-presidente da Igreja "Patriótica", afirmou não poder comentar a morte do bispo, "porque ele não fazia parte da diocese de Pequim".
Em Outubro, o Papa João Paulo II fez um apelo à normalização das relações entre Pequim e o Vaticano. A China respondeu reiterando a necessidade de ruptura das relações entre o Vaticano e Taiwan e invocando o compromisso da Santa Sé de não interferir nos assuntos internos do país.
Fonte DN
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