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Fanatismo é contrário à fé
2002-01-02 12:43:18

"Nenhum responsável das religiões pode ser indulgente para com o terrorismo e, muito menos, pregá-lo", afirma o Papa no seu discurso para o Dia Mundial da Paz que se assinala no primeiro dia do novo ano.


Dirigindo-se "a crentes e não crentes, aos homens e mulheres de boa vontade", o Pontífice adverte: "É profanação da religião proclamar-se terrorista em nome de Deus, cometer violência em nome de Deus." E sublinha: "Quem mata com actos terroristas, cultiva sentimentos de desprezo pela humanidade, manifestando desprezo pela vida e pelo futuro; nesta perspectiva, tudo pode ser odiado e destruído."

Analisando as convicções que pretendem justificar actos de autêntico terror, João Paulo II conclui: "O terrorista considera a verdade em que crê ou o sofrimento que padece tão absolutos que legitimam a sua reacção de destruir inclusivamente vidas humanas inocentes." Mas, adianta, "pretender impor aos outros com violência aquela que se presume ser a verdade, significa violar a dignidade do ser humano e, em última instância ultrajar a Deus, de quem aquele é imagem". Defende, neste sentido, que "o fanatismo fundamentalista é um comportamento radicalmente contrário à fé em Deus".

A Terra Santa é, no contexto, evocada como exemplo "de situação trágica que há muito tempo alimenta ódios profundos e dilacerantes". Por isso, o líder dos católicos considera importante a cooperação inter-religiosa. Conforme sugere, "as confissões cristãs e as grandes religiões da humanidade devem colaborar entre si para eliminar as causas sociais e culturais do terrorismo, ensinando a grandeza e a dignidade da pessoa e incentivando uma maior consciência de unidade do género humano". Este é, em seu entender, "um campo concreto do diálogo e da colaboração ecuménica e inter-religiosa, colocando as religiões ao serviço da paz entre os povos".

E é isto que espera ver, no dia 24, durante o encontro entre os religiosos na cidade de Assis. "Queremos mostrar que o genuíno sentimento religioso é uma fonte inesgotável de mútuo respeito e de harmonia entre os povos", diz João Paulo II.

Em seu entender, não é possível "restabelecer-se cabalmente a ordem violada, senão conjugando mutuamente justiça e perdão". Chegou a esta conclusão, explica, perante os acontecimentos de 11 de Setembro, e depois de reflectir sobre o sofrimento de muitos dos seus amigos e conhecidos, vítimas do nazismo e comunismo. Foi esta meditação que lhe suscitou a pergunta: "Qual o caminho que leva ao pleno restabelecimento da ordem moral e social tão barbaramente violada?"

A resposta só pode ser uma: "As colunas da verdadeira paz são a justiça e aquela forma particular de amor que é o perdão." Porém, frisa, "é precisamente a paz baseada na justiça e no perdão que, hoje, é atacada pelo terrorismo internacional".

Neste contexto, o Papa apela aos chefes das nações para que reflictam "sobre as exigências da justiça e sobre o apelo ao perdão diante dos graves problemas que continuam a afligir o mundo, dos quais, não por último, o novo nível de violência introduzido pelo terrorismo organizado".

Esta é uma realidade que, "baseando-se no desprezo da vida do homem", dá origem "não só a crimes intoleráveis, mas constitui em si, enquanto recorre ao terror como estratégia política e económica, um crime contra a humanidade", refere.

Admite, por isso, a existência do direito à legítima defesa. Lembra, no entanto, que, como qualquer outro direito, deve aquele "obedecer a regras morais e jurídicas na escolha quer dos objectivos quer dos meios". E sublinha: "A identificação dos culpados tem de ser sempre devidamente provada, porque a responsabilidade penal é sempre pessoal, não podendo, por isso, ser estendida às nações, às etnias, às religiões a que pertencem os terroristas."

Fonte DN

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