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Patriarcado de Lisboa Analisa Quebra na Afluência às Missas
2001-12-12 18:26:31

Quase 22 mil pessoas deixaram de ir à missa, na área do Patriarcado de Lisboa, entre 1991 e 2001.

Este número equivale a uma quebra de nove por cento entre aqueles anos, devendo a percentagem de população com sete e mais anos que vai à missa, em toda a diocese de Lisboa, situar-se agora entre os 10 e 11 por cento.

Os números do recenseamento da prática dominical, no que à diocese de Lisboa diz respeito, foram ontem divulgados por responsáveis do Patriarcado, durante um encontro com jornalistas destinado a uma primeira leitura dos dados apurados. Que confirmam a tendência de quebra no número de participantes nas missas já referidas pelos dados conhecidos de outras dioceses. Mas a hierarquia católica portuguesa aguarda a publicação dos resultados do recenseamento geral da população de 2001, a partir do qual será possível comparar os dados com mais exactidão.

Algumas tendências são já possíveis de confirmar, a partir da contagem feita em todas as missas do país (incluindo Açores e Madeira), em Março deste ano, e da comparação com idênticas iniciativas realizadas em 1977 e 1991: mantém-se o peso relativo de dois terços de mulheres e um terço de homens nas missas; há uma "acentuada quebra" do número de praticantes entre os sete e os 24 anos (menos 30,7 por cento, entre 1991 e 2001), mesmo que venha a ter-se em conta a presumível quebra da natalidade verificada entretanto; sobe o número de pessoas mais velhas; aumenta também o número de pessoas que comungam nas missas, verificando-se entre os homens o maior crescimento.

Os responsáveis presentes na conferência de imprensa tomam estes dados como uma informação "útil", mas que não deve ser valorizada mais do que aquilo que vale: "Estamos perante informação sobre a prática de um dos sete sacramentos católicos e a própria vida da Igreja não se reduz ao culto", afirma Manuel Luís Marinho Antunes, sociólogo, do Centro de Estudos Sociais e Pastorais da Universidade Católica, e responsável pelo tratamento dos dados do recenseamento dos "missalizantes".

Fazendo a diferença com o tempo em que a participação na missa marcava uma profunda identificação religiosa, Marinho Antunes chama a atenção para novas práticas religiosas contemporâneas, muito mais definidas pela subjectividade: o domingo é um espaço ocupado por muitas solicitações, integradas já no fim-de-semana. Mesmo os católicos que vão à missa fazem-no já, muitas vezes, em lugares diferentes, não semanalmente. "Já não há apenas dois modelos: o de ir todos os domingos ou o de não ir à missa; há muitos modelos intermédios, com causas muito diferenciadas."

Marinho Antunes fala ainda da conceito do peregrino, proposto por Danièle Hervieu-Léger, como mais exacto para falar, hoje, do que antes era o católico praticante. O conceito remete para a "religiosidade plástica que atravessa as demarcações confessionais" e o próprio catolicismo. Esta noção caracteriza-se pela maior fluidez da crença e pela "incerteza das pertenças comunitárias a que pode dar lugar". As práticas religiosas assumem um carácter voluntário, individual (mesmo quando realizadas em grupo), móvel, facultativo, modulável e excepcional, distanciadas das práticas institucionais, colectivas, obrigatórias, regulamentadas e usuais, concretizadas em comunidades estáveis.

Na mesma perspectiva, o sociólogo admite que a Igreja deve dar outra atenção ao fenómeno do turismo religioso, uma "nova tendência" com "futuro", e às peregrinações a santuários, que já não são apenas frequentados pelo "povo simples".

Fonte Público

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