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Encerramento do Ano Internacional do Voluntariado
2001-12-10 21:44:14

Encerramento do Ano Internacional do Voluntariado
Mensagem de João Paulo II


Caros Voluntários,
1. Ao findar este ano que as Nações Unidas dedicaram ao Voluntariado, quero manifestar-vos vivo e cordial apreço pela constante dedicação com que, em todos os recantos do mundo, ides ao encontro de quantos vivem na indigência. Agindo individualmente ou agrupados em associações específicas, representais para crianças, idosos, doentes, pessoas em dificuldade, refugiados e perseguidos um raio de esperança que rasga as trevas da solidão e encoraja a vencer a tentação da violência e do egoísmo.
Que é que leva um voluntário a dedicar a sua vida ao outro? Antes de mais nada esse movimento do coração, que estimula cada ser humano a ajudar o seu semelhante. Trata-se quase de uma lei da vida. O voluntário pressente a alegria, que vai além da acção cumprida, quando se atreve a dar gratuitamente algo de si aos outros.
Precisamente por causa disto, o Voluntário constitui um factor peculiar de humanização: graças às variadas formas de solidariedade e de serviço que promove e concretiza, torna a sociedade mais atenta à dignidade do homem e às suas múltiplas expectativas. Mediante a actividade que desenvolve, o Voluntariado chega a experimentar que, só quando ama e se dá aos outros, a criatura se realiza plenamente a si mesma.

2. Cristo, o Filho de Deus feito homem, comunica-nos a razão profunda desta universal esperança humana. Revelando o rosto de Deus que é amor (Jo 4, 8), Ele revela ao homem o amor como lei suprema do seu próprio ser. Na sua vida terrena, Jesus tornou visível a ternura divina, despojando-se «a Si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-se semelhante ao homem» (Fil 2, 7) «entregou-Se a si mesmo por nós, oferecendo-Se a Deus em sacrifício de suave odor» (Ef 5, 1). Partilhando até à morte a nossa condição terrena, ensinou-nos a «caminhar na caridade».
Seguindo os Seus passos, a Igreja, nestes dois milénios, não cessou de testemunhar este amor, escrevendo páginas gratificantes, mercê dos santos e santas que marcaram a história. Penso, entre os mais recentes, em S. Maximiliano Kolbe, que se sacrificou para salvar um pai de família, e em Madre Teresa de Calcutá, que se consagrou aos mais pobres de entre os pobres.
Mediante o amor a Deus e o amor aos irmãos, o Cristianismo exprime todo o seu poder libertador e salvífico. A caridade representa a forma mais eloquente de evangelização porque, respondendo às necessidades corporais, revela aos homens o amor de Deus, providente e pai, sempre solícito para com todos. Não se trata apenas de satisfazer as necessidades corporais do próximo, como a fome, a sede, a falta de casa e de cuidados médicos, mas de levá-lo a experimentar pessoalmente o amor de Deus.
Pelo Voluntariado, o cristão torna-se testemunha deste amor divino; anuncia-o e torna-o tangível mediante intervenções corajosas e proféticas.

3. Não basta ir ao encontro de quem se depara com dificuldades materiais; importa responder ao mesmo tempo à sua sede de valores e de respostas profundas. É importante o tipo de ajuda que se oferece, mas é-o ainda mais o coração que aí se coloca. Quer se trate de micro-projectos ou de grandes realizações, o Voluntariado é chamado a ser sempre uma escola de vida, sobretudo para os jovens, contribuindo para educá-los numa cultura de solidariedade e de acolhimento, aberta ao dom gratuito de si.
Quantos voluntários, ao empenharem-se corajosamente em favor do próximo, chegam a descobrir a fé! Cristo, que pede para ser servido nos pobres, fala ao coração de quem se coloca ao seu serviço. Faz experimentar a alegria do amor desinteressado, amor que é fonte da verdadeira felicidade.
Desejo vivamente que o Ano Internacional do Voluntariado, durante o qual houve numerosas iniciativas e manifestações, ajude a sociedade a valorizar sempre mais as inúmeras formas de voluntariado, que representam um factor de crescimento e de civilização. Frequentemente os voluntários pedem e antecipam as intervenções das instituições públicas, a quem compete reconhecer adequadamente as obras nascidas graças à sua coragem; e apoiá-las sem apagar o seu espírito original.

4. Caros irmãos e irmãs, que constituís este “exército” de paz espalhado por toda a terra, vós sois um sinal de esperança para o nosso tempo. Onde emergem situações de incomodidade e de sofrimento, fazeis frutificar os insuspeitáveis recursos da dedicação, da bondade e até do heroísmo, que estão no coração do homem.
Tornando-me porta-voz dos pobres de todo o mundo, quero agradecer-vos o vosso incessante empenho. Prossegui corajosamente o vosso caminho; que as dificuldades não vos detenham. Cristo, o Bom Samaritano (Lc 10, 30-37) seja o excelso modelo de referência de todos os voluntários.
Imitai também Maria que, indo “apressadamente” em socorro da prima Isabel, se tornou mensageira de alegria e de salvação (Lc 1, 39-45). Que Ela vos ensine a caridade humilde e operante e vos obtenha do Senhor a graça de O reconhecerdes nos pobres e nos que sofrem.
Com tais votos, dou a todos vós e a quantos encontrais diariamente nos caminhos do serviço ao homem uma especial Benção Apostólica

Vaticano, 5 de Dezembro de 2001

João Paulo II
Tradução do Pe. João Aguiar
In Diário do Minho


Fonte Ecclesia

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