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Igreja pede aceitação dos doentes mentais
2001-11-20 18:00:36

A Igreja, que tem a seu cargo 21 unidades de saúde mental em Portugal, manifestou ontem, na sessão de abertura da I Jornada de Pastoral em Saúde Mental, uma grande preocupação pela forma como “a sociedade continua a estigmatizar os doentes mentais”.

O cardeal patriarca, D. José Policarpo, que presidiu a esta sessão, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, afirmou que “há excluídos da sociedade, mas não há excluídos no projecto amoroso de Deus”. Em declarações ao Correio da Manhã acrescentou que “a própria expressão ‘doente mental’ tem de ser mitigada, porque o Homem é um todo, corpo e espírito. As doenças somáticas não são isentas de dimensão espiritual e vice-versa”. Nesse sentido, o padre Vítor Feytor Pinto, da Pastoral da Saúde, cuja comissão nacional organizou a jornada, anunciou a criação neste organismo de um Departamento de Saúde Mental, o que justificou com a existência das 21 unidades da Igreja que, como disse, “tratam eventualmente um número maior de doentes do que os hospitais públicos”.


Feytor Pinto procedeu depois ao lançamento do livro “Pastoral no Mundo do Sofrimento Psíquico”, das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, obra que considerou “fundamental para quem quer trabalhar nesta área”. Recordou ainda que a Organização Mundial de Saúde decretou a data de 10 de Outubro como o Dia Mundial da Saúde Mental. Na mesma sessão, Maria João Heitor, da Direcção-Geral da Saúde, louvou “a proposta pastoral centrada no doente em sofrimento psíquico, seja por doença mental, deficiência mental ou até por doença física, em que novas formas de apoio ao paciente e à sua família, incluindo a dimensão espiritual, se complementam num projecto integral de aliviar esse sofrimento”. No final, o cardeal patriarca afirmou aos jornalistas “a existência, por um lado, de uma longa tradição de instituições dedicadas à saúde mental, mas, por outro, uma mentalidade social acerca deste problema, que é inconsciente marginalizante”. “Os hospitais psiquiátricos, como foram concebidos durante muitos anos, respiram um bocadinho essa mentalidade marginalizante. E isso é talvez a primeira barreira que é preciso vencer. A atitude da Igreja não pode ser ingénua, mas realista perante as disfunções desses doentes”, acrescentou. Segundo D. José Policarpo, “a Igreja tem de acolher essas pessoas como seres humanos que são e comunicar com elas com aquela que é talvez a única linguagem que são capazes de sentir, a linguagem simbólica do amor”. “Para nós, que nos consideramos normais, o que nos choca mais é a quebra da racionalidade lógica. É difícil estar a dialogar com uma .pessoa que tem outros parâmetros de racionalidade. Isso cria uma barreira de incompreensão entre as pessoas. Quem trabalha neste sector, sabe que isso se vence pelo gesto, acolhimento e respeito profundo por esses doentes”, concluiu o cardeal. A jornada prosseguiu com os painéis temáticos “A Crença Religiosa e o Doente” e “A Função da Espiritualidade”.


Fonte CM

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