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Patriarca traça novos caminhos para a catequese
2001-11-08 20:36:40

O Cardeal Patriarca de Lisboa esteve, ontem (7 de Novembro), na Assembleia dos Bispos Franceses, onde proferiu uma conferência sobre a reforma catequética em Portugal.

Para D. José Policarpo, estão-se “a percorrer caminhos novos, enriquecidos pelas nossas experiências e esforços passados... a atracção e a exigência de uma nova evangelização que seja verdadeiramente nova supõem criatividade e audácia, a coragem de nos fazermos ao largo, conduzidos pelo Espírito de Deus”.
Dividindo a sua intervenção em três etapas, D. José da Cruz Policarpo, começou por contextualizar a reforma catequética, afirmando que “nada é mais ilusório do que uma iniciativa catequética fechada na sua pedagogia, sem tentar dar respostas aos problemas e aos pedidos das pessoas concretas”. Antes pelo contrário, a catequese, “enquanto realização da missão evangelizadora da Igreja e etapa do crescimento da fé e da iniciação à vida cristã, deve ter em conta a problemática de conjunto, quer da Igreja, quer da sociedade na sua evolução sociológica e cultural.
A laicização da cultura, o culto da liberdade individual, o culto provisório, do mutável e a redução da expressão religiosa ao nível do privado, são alguns dos aspectos da evolução da sociedade que se repercutem facilmente na comunidade eclesial. Este problema torna-se mais acutilante, na medida em que “muitos cristãos praticantes não fizeram uma verdadeira iniciação cristã, o que os torna mais vulneráveis às modificações culturais e sociais”.
Desde segunda metade do século XX, espaço temporal por onde D. José Policarpo começou a sua análise, até aos dias de hoje, muita coisa mudou no percurso catequético em Portugal. Nos anos 50, com o desenvolvimento das pedagogias e o alargamento progressivo da escolaridade obrigatória, houve uma reorganização da catequese que “privilegiou o esforço da compreensão sobre a memorização e a experiência religiosa”. No entanto, os destinatários continuaram a ser as crianças, sendo que a catequese seguiu de perto a escolaridade, em vez de se dirigir “a toda a gente, de todas as idades. A ruptura entre o fim da catequese e o início da idade adulta era uma realidade”.
Mais tarde, nos anos 80, a Conferência Episcopal aprovou um plano catequético de 10 anos, “produzindo-se assim uma nova relação entre a catequese e a pastoral juvenil”. Mas nem por isso os desafios pararam; “o grande número de crianças não baptizadas, introduz a necessidade de um ritmo catecumenal no próprio seio da comunidade catequética”, por outro lado “ a crise da família acentua-se e a descristianização da sociedade aumenta” e “os catequistas leigos são mais numerosos”, não sendo possível “garantir a todos a formação adequada, sobretudo porque a sua persistência na função não é suficientemente duradoura”. Segundo o Patriarca de Lisboa, acresce o facto de a escola “pesada e cansativa”, deixar “pouco espaço para a catequese”.
Por tudo isto, no seguimento do desafio de uma “nova evangelização”, a Igreja portuguesa encontra-se num “período de revisão do processo catequético”, que deve ser “contínuo do cristão e da comunidade eclesial”. “não devemos queimar etapas”, advertiu o prelado, ao falar de um grande número de baptizados que não estão preparados para iniciar um caminho catequético.
O processo catequético deve “ser concebido como uma verdadeira iniciação cristã”, dando-se “prioridade absoluta à dimensão comunitária da fé”. Por outro lado, a preparação e formação dos catequistas “é crucial e decisiva, não devendo ser unicamente escolar e teórica”. Deve ainda, “respeitar e valorizar a pluralidade da Igreja, guardando a sua unidade”. Na opinião do Patriarca de Lisboa e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, só depois de todos estes “requisitos” estarem satisfeitos, é que “a produção de textos pedagógicos terá sentido”.


Fonte Ecclesia

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