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Uma Dominicana lisboeta a caminho dos altares
2001-11-06 19:31:04

A santidade é o grande apelo feito pelo Espírito, hoje como no passado. Poucos dia após a beatificação de D. Frei Bartolomeu dos Mártires, um Dominicano natural de Lisboa, somos convidados a unir-nos, em acção de graças, a uma etapa importante do Processo de Canonização de uma Dominicana, também de Lisboa.


Referimo-nos à Madre Teresa de Saldanha, que viveu de 1837 a 1916 e que fez da sua vida um hino de amor a Deus e ao próximo.
Rica de bens de cultura e de linhagem, cedo se deixou tocar pelo apelo à santidade: “Deus pôs no meu coração ambições maiores do que tudo o que se pode chamar grande.” Ciente de que o seu sonho de felicidade só Deus o poderia preencher, renunciou a todos os privilégios, para se consagrar a Jesus e ao serviço voluntário dos pobres e deserdados.
Vivendo em Lisboa, deixou-se contagiar pela presença Dominicana. No seu tempo existiam três conventos de monjas: Salvador, Sacramento e Santa Joana, todos em vias de extinção, e em 1834 tinham sido extintos; o Conventos de São Domingos (da baixa), o de São Domingos de Benfica e o de S. Paulo em Almada. Além destes, existia a presença Dominicana dos irlandeses: as Irmãs do Bom Sucesso e os Padres do Corpo Santo. Inclinada, por esta tradição lisboeta e familiar, - conta Frei Luís de Sousa que já no seu tempo a família Saldanha dava filhos à Ordem de São Domingos (Frei Diogo de Saldanha, por exemplo) e era tradicionalmente devota do Santo Patriarca, tendo escolhido uma divisa semelhante à da Ordem: Veritas omnium victrix - não admira que tenha sentido na alma a inclinação misteriosa para fundar uma Congregação que nascesse logo entroncada na grande família de São Domingos.
Conhecendo o triste e desolado estado do País, o abandono geral dos conventos e para poder fazer bem ao seu povo e realizar o segredo íntimo de se consagrar a Nosso Senhor, depois de muitas orações para saber qual era a vontade de Deus, começou a empreender, em Outubro de 1865, a obra da fundação das Dominicanas para se dedicarem ao serviço dos pobres e educação de crianças.
O sonho, qual grão escondido na terra, espigou, cresceu, alastrou, cobriu e reverdeceu a extensão imensa: foram milhares de crianças desprotegidas que amparou, de alunas a quem educou, doentes que sarou, famintos cuja fome matou, nus que vestiu. Escreveu com a vida o evangelho da misericórdia.
Quase octogenária, Teresa de Saldanha sofreu a perseguição revolucionária e viu as suas filhas dispersas pelo mundo. No meio de grandes adversidades e injustiças atrozes, manifestou, com serenidade, a grandeza da sua fé e coragem, a sua adesão total à Vontade de Deus: “Fiat é a única palavra que consigo pronunciar, debaixo desta tremenda Cruz!”
Faleceu na sua casa refúgio a 8 de Janeiro de 1916, doce e tranquilamente, como tinha vivido.
Acerca dela testemunhou D. Domingos Frutuoso, bispo Dominicano que bem a conheceu: “Alma profundamente apostólica. Era viva, alegre, cheia de ardor e fé. Espero e confio que um dia vejamos, nos altares de Portugal, a imagem de Madre Teresa de Saldanha, que bem merece ser canonizada pelo bem que fez à Igreja e à Pátria.”
Para que o testemunho desta Dominicana, que realizou na sua vida a palavra de Jesus: “O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34) possa ser proposto às gerações deste novo milénio, está a decorrer o seu processo de Canonização.
Depois de terem sido ouvidas as testemunhas sobre as suas virtudes e fama de santidade, chegou a hora de realizar a Sessão de Clausura diocesana. Nesta sessão, presidida por Sua Eminência o Senhor Cardeal Patriarca, será entregue a documentação relativa ao Processo da vida, virtudes e fama de santidade da Serva de Deus que seguirá para Roma, a fim de ser analisada pela Congregação para as Causas dos Santos.
Terá lugar no próximo dia 17 de Novembro, na Igreja Paroquial de São José, em Lisboa, a paróquia em que nasceu Teresa de Saldanha.

Ir. Rita Maria Nicolau


Fonte Ecclesia

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