paroquias.org
 

Notícias






Reações do mundo chinês a mensagem do Papa
2001-10-28 11:07:06

Surpresa pelo gesto de amor e humildade do Papa, solicitando perdão ao povo chinês; realismo e talvez ceticismo em uma reposta positiva por parte do governo chinês. Em síntese, são estas as primeiras reações que chegam da China, de Taiwan e de Hong Kong, depois da mensagem do Papa para a recuperação das relações diplomáticas com a China.

Fides recolheu algumas opiniões de prelados, fiéis, personalidades da cultura e do mundo chinês. De Pequim, o porta voz do Ministério do Exterior, Sun Yuxi, enviou uma resposta. Além das reações oficiais, a mensagem do Papa - por ocasião do Congresso sobre Matteo Ricci, que acontece em Roma - está despertando muita atenção e apreço no mundo católico chinês, seja entre os membros da Igreja oficial, como entre aqueles da não-oficial. Eis as declarações que diversas personalidades fizeram à Fides:

Cardeal Shan Kuo-hsi, arcebispo de Kaohsiung (Taiwan):
"Em seu discurso, o Papa sublinha a importância do diálogo. Ele espera que o diálogo com Pequim, por hora interrompido, possa ser reaberto. Mas não existe menção a uma iminente restauração das relações diplomáticas. Desejamos que as reações do governo chinês diante das palavras do Papa, sejam positivas, mas é preciso aguardar. Não vejo nenhuma reação negativa em Taiwan. Nós sempre respeitamos o pensamento do Papa. Sabemos que ele ama o povo chinês e que tem uma particular atenção para com a Igreja na China, que é perseguida. É natural que o Papa esteja preocupado. Não vejo qualquer reação negativa aqui. Não é a primeira vez que o Papa exprime seu desejo de aproximação com a China. Mas se o governo chinês continua a manter a ideologia política comunista, será muito difícil ter relações diplomáticas com a Santa Sé. Todavia, também depende da atitude da Santa Sé: o próximo passo dependerá das reações de Pequim. É preciso esperar.".

Bispo de Wanxian (Sichuan, China Central), Mons. Giuseppe Xu:
"É encorajador e maravilhoso ouvir estas palavras do Papa. O Santo Padre foi previdente e sagaz. Lendo sua mensagem, nós, católicos chineses, estamos felizes e comovidos. Ninguém pode imaginar aquilo que passamos. Muitas vezes nos encontramos em situações embaraçosas e difíceis de resolver. Hoje, o gesto do Papa demonstrou perfeitamente a sinceridade, honestidade, humildade e boa vontade da Igreja católica. De agora em diante ninguém tem desculpas para fugir da própria responsabilidade para com o povo chinês. De acordo com nossa tradição, na qual valorizamos o respeito recíproco, somos obrigados a dar uma resposta à calorosa mensagem do Papa."

Um católico chinês (Pequim):
"Apenas um verdadeiro pai pode fazer este gesto para com o próprio filho. O Santo Padre demonstrou mais uma vez seu amor incondicional para com o povo chinês. Gostaria de sublinhar que é para com todo o povo chinês, não apenas os católicos. A mensagem do Santo Padre ajudará as pessoas a olharem a história de maneira imparcial, nos ensinando as estradas justas da evangelização do novo milênio".

O vice-diretor do Centro de Estudos Cristãos da Academia de Ciências Sociais (Pequim), He Guanghu:
"A normalização das relações trará benefícios à ambas as partes e muitos reconhecerão isto. Se a China deseja alcançar estabilidade e resolver os problemas entre a China oficial e aquela subterrânea, existe apenas um modo, que é aquele de normalizar as relações. Existem boas esperanças - não em um curto espaço de tempo - mas a longo prazo. O maior obstáculo é o conservadorismo de alguns, no Partido Comunista."

O embaixador da República da China (Taiwan) junto à Santa Sé, S.E. Raymond Tai:
"João Paulo II realizou um gesto excepcional. Pediu perdão ao povo chinês. Não é apenas exprimir mal-estar ou desculpas. É um passo muito mais significativo e extraordinário. Devemos lembrar que o Papa é o único a ter pedido perdão ao povo chinês. Nenhum país ocidental que invadiu a China no passado, realizou um gesto similar. Nós estamos disponíveis e favoráveis a aproximação e diálogo entre a China e o Vaticano.

O porta voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Sun Yuxi, em uma coletiva de imprensa:
"A China estudará este discurso atentamente. A China sempre quis melhorar as relações com o Vaticano. Até agora, a China sempre sublinhou dois princípios, que ainda têm validade:
1. O Vaticano deve romper as relações diplomáticas com Taiwan e reconhecer a República Popular da China como única representante de toda a China. Taiwan é inseparável do território chinês.
2. O Vaticano não deve aproveitar da religião para intervir nos assuntos chineses internos."

Fonte Ecclesia

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia