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Faleceu o Pe. Manuel Paulo Lopes
2001-10-25 22:06:03

Depois de forte hemorragia cerebral, faleceu hoje no hospital de S. José, em Lisboa, o P. Manuel Paulo Lopes, 71 anos, natural de Vilar Seco, Diocese de Bragança.

Ordenado em 1957, dedicou a sua vida à Diocese de Pemba, para onde partiu em 58. Um ano no Mariri e o resto da vida na Missão de Macomia. Foi um dos grandes apóstolos dos macondes. Falava bem a sua língua e com eles vivia em sua casa.
Esta paróquia de 12.000 km2 viveu tempos difíceis, desde a guerra colonial. Segundo testemunhos, o P. Paulo teria sido escolhido para ser o primeiro branco a morrer, como sinal do início da luta armada. Por causa da amizade que o povo lhe dedicava, o que devia matá-lo não teve essa ousadia. Na sua simplicidade, o P. Paulo conseguia manter fortes amizades entre portugueses e africanos. No tempo da guerra civil, teve que ir para Pemba, mas viveu sempre para os macondes (muitos deles deslocados em Pemba). Logo que pôde, começou a visitar de novo as comunidades de Macomia, andando de carro ou a pé, conforme era possível. Fez milhares de quilómetros a pé naquelas matas e enormes extensões da Missão. Numa viagem ao Chai, o seu carro sofreu um ataque e ficou desfeito, mas ele escapou milagrosamente.
O que marca a sua vida não são as grandes obras construídas, mas a simplicidade, a alegria, a dedicação total ao povo que lhe foi confiado por Deus, a sua encarnação no meio dos macondes e a capacidade de animar e manter vivas, mesmo em tempos muito difíceis de isolamento, as comunidades locais com leigos preparados.
Depois do massacre de Montepuez, talvez por saber de mais através de amigos, o P. Paulo sofreu ameaças e represálias incompreensíveis. Essa foi a sua última dor de cabeça.

A Sociedade Missionária sente-se honrada numa vida como esta e pede a Deus continuadores. Deus o faça participar no banquete do Reino que ele preparou.

P. Jerónimo Nunes

Fonte Ecclesia

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