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Opinião pública contra bispo 2001-09-06 20:26:08 A condenação a três meses de prisão, com pena suspensa, decidida na terça-feira pelo tribunal de Caen, do bispo de Bayeux-Lisieux, por não ter denunciado às autoridades a prática de actos pedófilos por parte de um padre da sua paróquia, René Bissey, preso desde Outubro de 2000, está a gerar polémica em França.
Em editorial, o jornal católico La Croix exigiu, ontem, a demissão de Pierre Pican, de 67 anos. No texto, afirma-se: "A justiça condenou o silêncio de um prelado fora do quadro directo das suas funções episcopais. Se propusesse a sua demissão, o bispo de Bayeux-Lisieux não desonraria o seu ministério. Mas diria publicamente às vítimas e às suas famílias, bem como ao conjunto da sociedade, que a Igreja não pode tolerar a mínima falta que traia - directamente ou não - a confiança de uma criança e dos seus pais."
A opinião pública francesa, perante o aumento do número de casos de pedofilia no âmbito da Igreja e da educação, exige maior transparência. Aliás, ainda ontem, o marido da directora de um estabelecimento de educação pré-escolar de Bucquoy, no norte do país, foi acusado formalmente de violações e agressões sexuais a crianças com idades entre os três e os cinco anos. A própria directora foi também acusada de cumplicidade, sendo por isso suspensa das suas funções a título provisório.
A França conta com cerca de 25 mil padres, dos quais 20 aguardam o início dos respectivos processos judiciais por actos de pedofilia; sete estão detidos e perto de 30 já foram condenados nos últimos tempos, sobretudo com pena suspensa. Por isso, o jornal France-Soir denuncia o que considera como uma "pena leve para um bispo condescendente". Por outro lado, o jornal regional La Charente Libre afirma que está em causa "um silêncio que se aproxima da cumplicidade passiva".
Em declarações ao DN, D. Januário Torgal Ferreira considera, em contrapartida, que o bispo "estava obrigado ao silêncio pelo segredo profissional". Mais: "Falei com um responsável francês da área onde se localiza a diocese e ele disse-me que o bispo terá tentado acautelar possíveis consequências nefastas decorrentes dos actos do padre. Pastoralmente, como bom pai, a sua preocupação foi evitar que o padre cometesse mais perfídias. Tenho a certeza absoluta disso."
Reconhecendo que "nalguns sectores da Igreja têm surgido problemas relacionados com pedofilia", D. Januário adianta que "não podemos ter receio da verdade, neste caso uma verdade muito triste. Temos de lutar contra o mal, como em todos os sectores da sociedade".
Já o padre Luís Archer recorda que "há determinações na Igreja para que pessoas que têm autoridade sobre outras não as ouçam em confissão, precisamente para evitar situações como esta".
Fonte DN
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