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Cristo crucificado mas numa posição diferente 2008-03-31 23:07:22 A representação tradicional de Cristo crucificado é a de um homem pregado na cruz, de braços estendidos e pernas esticadas, a acompanhar o formato da própria cruz. Mas a descoberta de um esqueleto, em Jerusalém, em 1968, de um homem crucificado na mesma época de Jesus pode contar uma história diferente.
Essa é, pelo menos, a tese dos autores do novo docudrama da BBC, The Passion, que a televisão pública britânica está nesta altura a exibir. Não sem o protesto veemente de alguns grupos de cristãos mais tradicionalistas, que não aceitam alternativas à versão oficial da crucificação.
A nova versão da crucificação avançada na série da BBC sugere que a posição a que Jesus foi sujeito na crucificação era algo diferente da que foi perpetuada pelos artistas do renascimento e do barroco.
De joelhos flectidos
Os estudos do esqueleto descoberto em Jerusalém apontam para que os cravos tenham sido cravados nos antebraços, e não nas mãos, e sugerem também que a pequena trave à qual foram pregados os pés se situasse mais acima do que tem sido representado.
Nesta posição, em que os joelhos estavam flectidos, os pés não serviam de apoio e o peso do corpo recaía todo nos músculos peitorais e abdominais, dificultando e entrecortando a respiração, e acabando por causar a morte por asfixia à vítima.
Este foi até hoje o único esqueleto encontrado de uma pessoa crucificada naquela época que sustenta esta tese. Mas a série decidiu adoptá-la e foi Simon Elliot, produtor da série, que definiu esta como sendo a tese da crucificação de Cristo a apresentar.
Mark Goodacre, professor de religião na universidade britânica de Duke e assessor científico da série, concordou, no entanto, com a ideia e, a este propósito, adiantou, em declarações citadas pelo El País, que "os romanos crucificavam as pessoas de várias formas diferentes e este método [retratado na série] era um dos mais utilizados", porque era também "um dos mais eficazes".
A tese, porém, acendeu um rastilho de protestos por parte de várias organizações cristãs no Reino Unido, como a muito conservadora Christian Voice.
Protestos dos conservadores
Esta organização chegou a mover inclusivamente um processo contra a estação pública, em 2005, quando esta exibiu o musical Jerry Springer- The Opera, que aquela organização cristã considerou blasfema. A decisão do tribunal, conhecida recentemente, não deu no entanto razão à Christian Voice. Em relação à tese da crucificação defendida na série agora exibida, esta e outras associações no género acusam a estação pública britânica de "distorcer os factos e de depreciar o significado que encerra a imagem tradicional de Cristo crucificado", de acordo com declarações citadas pelo diário El País.
Com um elenco de actores muito populares no Reino Unido, a série de quatro episódios relata os factos conhecidos e discute os acontecimentos com base nos materiais escritos disponíveis, nos achados arqueológicos e na sua interpretação por parte de teólogos e historiadores britânicos de referência.
Fonte DN
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