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Bispo diz que o aborto é "questão religiosa" 2006-10-12 21:59:52 D. Jorge Ortiga, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, considera o aborto "uma questão humana" e sublinha que, sendo assim, ela "tem que ser também uma questão religiosa", uma vez que "a Igreja está de acordo com tudo o que é humano".
Enquanto primeira figura da actual hierarquia da Igreja Católica portuguesa, o arcebispo de Braga manifesta, deste modo, e tendo como pano de fundo o referendo do próximo ano, uma opinião contrária à do cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo. Recorde-se que o cardeal afirmou recentemente num encontro com jornalistas que o aborto "não é um assunto religioso".
Confrontado ontem, pelo DN, com esta afirmação, D. Jorge Ortiga respondeu que esteve ausente na Rússia e por isso desconhecia as declarações do cardeal, adiantando não ser "sua intenção contradizê-lo". Esta é a sua "opinião pessoal", com a qual não quer "comprometer os bispos portugueses", porque ainda "não tomaram qualquer decisão" quanto ao referendo. Só na próxima assembleia plenária da CEP, em Novembro, "o assunto será discutido" e dessa reunião "deverão sair as orientações " para a Igreja Católica.
No entanto, o arcebispo reafirma que nada se alterou, no que toca à Igreja, desde a consulta de 1998 à população. Para si, "o aborto não é referendável porque o direito à vida é inviolável". Mas "uma vez que acontece esse referendo", o prelado afirma: "Iremos alertar todos os cidadãos para que votem em consciência e de acordo com a sua fé."
Para isso, na próxima assembleia "decidiremos o que irá ser feito". "O que esperamos", diz, "é que os movimentos pró-vida tenham uma actuação em consonância com a Igreja". Mas o arcebispo vai mais longe e defende um "movimento amplo" capaz de "impelir a sociedade portuguesa para uma reflexão profunda sobre o assunto".
"Creio que se verifica quase uma ausência de consciência cívica", adianta o bispo, sublinhando que "as pessoas votam muitas vezes deixando-se levar por outros, sem uma verdadeira opção pessoal".
"Esta sociedade tem essa característica", reflecte, focando que "há falta de participação cívica". Por isso defende que o tempo de campanha "seja aproveitado pelas pessoas para reflectir". Da parte da Igreja garante: "Não nos alhearemos." E especifica que "o caminho a seguir é o mesmo de 1998", porque "não houve evolução nenhuma ".
Jacinta Romão
Fonte DN
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