paroquias.org
 

Notícias






Aveirenses celebram Santa Joana
2001-05-12 13:15:24

Homens e mulheres saem hoje à rua em singular cortejo religioso, único no País, para demonstrarem o seu amor à padroeira




"Lá vem a procissão de Santa Joana! Vem imponente, vem graciosa. As almas cantam "Hossana!" e a música canta harmoniosa." Aveiro vai repetir esta estrofe em memória da santa princesa quando, hoje, à rua sair o mais singular cortejo religioso registado em Portugal.
É a festa à padroeira - filha do rei Afonso V, beatificada pelo Papa Inocêncio XII em 1693 - que os aveirenses todos os anos celebram, envolvendo todas as suas gerações de homens e mulheres, em acto de fé. Este ano, a regra cumpre-se segundo a tradição. Da catedral, onde se inicia o cortejo, saem os cavalos engalanados da fanfarra de S. Bernardo, seguidos pelos escuteiros de todo o concelho. A procissão propriamente dita surge logo de seguida, impondo-se a bandeira da irmandade de Santa Joana Princesa. Conduzem o estandarte e os ciriais três irmãos da paróquia de Vera Cruz que, com ar distinto, usam o tradicional traje: calção com laços, fina meia e sapatos com fivela de prata. Igualmente de fio de prata são os emblemas que sobressaem nos cabeções pretos das opas, cujas borlas foram manufacturadas com fio dourado.

Segue-se um interminável desfilar de participantes a evocarem as raízes profundas de uma cidade que se ergueu enformada pelo diálogo do povo com a fé, gerando cultura. Os pequeninos - "Joaninhas" e "Dominguinhos" -, com roupas iguais às dos santos Joana e Domingos, abrem o caminho ao andor da padroeira, cantando: "A Santa Princesa vem feliz em seu hábito dominicano." Nos passeios, o povo diz: "Como vem bonita este ano!" Cabe aos homens da freguesia da Glória-Sé conduzir o andor, ladeados pelos bombeiros. A banda acompanha os cânticos, encerrando o primeiro bloco do cortejo.

S. Domingos, fundador da ordem a que pertenceu a princesa, preside ao segundo bloco, acompanhado por todas as irmandades da cidade, pelas freiras dominicanas e por outra banda musical. A terceira parte é, porventura, a mais interessante, por ser caso único em Portugal e, talvez, no mundo. É composta por infantes e donzelas, pajens e leais conselheiros, donzéis, princesas e cavaleiros, aias, açafatas, damas, irmãos e irmãs das confrarias. São centenas de pessoas vestidas a rigor, com idades compreendidas entre os oito e os 80 anos. Os cavaleiros e as aias, com idades à volta dos 14 anos, não são apenas figurantes, pois prestam um compromisso perante o bispo, todos os anos, no dia 12 de Maio. Esta terceira parte termina com as "princesas Joanas" da cidade, ou seja, com todas as mulheres baptizadas com o nome da freira venerada.

Na procissão vão também as relíquias sagradas da santa, com mais de 500 anos, debaixo do pálio que protege o bispo da diocese. À passagem, uma genuflexão ou uma vénia assinalam o ancestral respeito e veneração. Seguem-se as autoridades civis e militares, incluindo um corpo de tropas aerotransportadas, um grupo de homens da PSP e, no final, o povo que canta: "Santa Joana é de Aveiro, Aveiro é de Santa Joana."

São mais de mil participantes, num caso de religiosidade único no País, vestidos de acordo com a época, encaminhando-se para o Convento de Jesus, a casa onde viveu e morreu a princesa.

O culto público à santa data desde a hora da sua morte, em 12 de Maio de 1490, com 38 anos. Dizem as crónicas que "ao passar o caixão, as árvores, como que chorando, deixavam cair todas as suas folhas". Hoje, o povo aveirense percorre toda a cidade, demonstrado o seu excelso amor à santa princesa.

Fonte DN

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia