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A dupla paixão dos consagrados
2004-02-25 20:37:43

“Intensificar cada vez mais a nossa paixão por Cristo e pelo mundo” foi a grande directiva da XX Semana de Estudos sobre a Vida Consagrada, realizada em Fátima, de 21 a 25 de Fevereiro.

A Irmã Maria Manuel, presidente da FNIRF (Federação Nacional das Superioras Maiores dos Institutos Religiosos) disse à Agência ECCLESIA que “esse foi o grande desafio lançado aos consagrados presentes neste encontro magno”. Por sua vez, o Pe. José Manuel Sabença, Provincial dos Espiritanos, adiantou que a “vivência da vida consagrada tem de ser apresentada numa perspectiva de aliança”. Uma consagração a Deus que depois é “expressa e vivida como relação de amor nos nossos votos: pobreza, castidade e obediência”.
Este sacerdote Espiritano referiu também que “não podemos encarar a vida religiosa independentemente de dois factores marcantes: a diferença de idades entre os consagrados e a diminuição de vocações”. Se estes aspectos interferem no mundo religioso, o voto de obediência “não é atractivo” porque põe em causa a “tão propalada liberdade individual no mundo de hoje” – disse o Pe. José Manuel Sabença fazendo referência ao último conferencista deste encontro, subordinado ao tema “Paixão por Cristo e paixão pelo mundo”.
Em relação às causas da falta de vocações na vida consagrada, o provincial dos Espiritanos assegura que é um “assunto complexo” e está “relacionado com a modernidade e pós-modernidade”. Para além deste factor adianta também que “a emancipação da mulher” também contribui para este decréscimo vocacional porque “nota-se que há menos vocações no sexo feminino”. A concepção diferente da sociedade e a relação com a Igreja é diferente. “Hoje em dia, privilegia-se uma relação individualista e uma religião descartável”. Dados que não se compadecem com a vida religiosa, visto que esta é “um compromisso para toda a vida”.
Com a participação de milhar e meio de consagrados, esta actividade serviu também para celebrar o cinquentenário da FNIRF e CNIR. O Pe. Manuel António, Provincial dos Claretianos e presidente da CNIR (Conferência Nacional dos Superiores Maiores dos Institutos Religiosos) afirmou à Agência ECCLESIA que os religiosos têm de ter esta paixão dupla: por Cristo e pelo mundo. Se Cristo é o ideal da “nossa vida e dá sentido à nossa vocação religiosa” esta paixão também passa pelo “mundo e pela humanidade” – declarou. Apesar da sociedade “superficial”, os religiosos devem “ser um ícone da vida multicultural e da fé em Jesus Cristo”.

Fonte Ecclesia

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