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Vaticano sustenta que os preservativos são ineficazes na prevenção da sida 2003-10-09 22:09:24 O Vaticano está a difundir, a milhões de fieis em vários países do mundo, a tese de que, ao contrário do que afirmam os cientistas, os preservativos não impedem a transmissão do vírus da sida, revela uma investigação da televisão britânica BBC.
Segundo a BBC, a justificação avançada é a de que se o latex de que são feitos os preservativos não consegue evitar totalmente a passagem do esperma, é ainda maior a possibilidade de ser permeável ao vírus do HIV.
O Vaticano opõem-se ao uso de qualquer tipo de contracepção artificial, incluindo de perservativos — a única forma de impedir o contágio de doenças sexualmente transmissíveis —, defendendo que a melhor forma de combater a epidemia da sida é fomentando a abstinência sexual.
No entanto, este argumento estará a ser reforçado com argumentos, não comprovados cientificamente, que põem em causa a eficácia dos contraceptivos. "O argumento moral contra o uso de preservativos está a ser superado por um argumento médico que é o de que [o preservativo] é defeituoso", afirmou Steve Bradshaw, autor da reportagem "Sexo e a Cidade Santa", que será transmitido no domingo à noite no programa Panorama da BBC.
"O vírus da sida é cerca de 450 vezes menor que o espermatozóide", afirmou o cardeal Alfonso Lopez Trujillo, presidente do Conselho Pontifício para a Família, em declarações ao programa. "O espermatozóide pode passar facilmente pela 'rede' de que é formado o preservativo", acrescentou.
O prelado sustenta que as autoridades de saúde têm alertado para os malefícios de produtos, pelo que têm obrigação de emitir alertas semelhantes quanto aos riscos associados aos preservativos.
Bradshaw garantiu à Reuters que a equipa do programa não partiu para esta investigação com este propósito, mas ao falar com os responsáveis da Igreja rapidamente esbarraram com esta posição. "Ouvimos esta mesma frase tantas vezes, a pessoas tão diferentes, em locais diferentes que decidimos abordar o Vaticano" sobre esta matéria, rapidamente desacreditada pela Organização Mundial de Saúde.
"Estas declarações incorrectas sobre os preservativos e o HIV são perigosas quando enfrentamos uma pandemia global que já provocou a morte a mais de 20 milhões de pessoas e afecta actualmente pelo menos 42 milhões", afirmou um porta-voz da OMS.
A agência das Nações Unidas afirma que os preservativos podem romper-se e se estiverem danificados podem deixar passar o esperma, mas sublinha que reduzem o risco de infecção em 90 por cento dos casos e são eficazes a conter a transmissão do vírus.
A BBC afirma que as pesquisas científicas concluíram que os preservativos são impermeáveis a partículas tão pequenas como os patogénios responsáveis pelas doenças sexualmente transmissíveis — uma conclusão que Trujillo rejeita.
"Eles estão errados. Este é um facto facilmente verificável", afirmou o prelado ao programa.
Segundo a BBC, a visão do Vaticano tem estado a ser disseminada em países tão diferentes como o Quénia, as Filipinas ou a Nicarágua.
Questionado pela Reuters, o Vaticano rejeitou fazer qualquer comentário oficial a esta notícia.
Fonte Público
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