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Geórgia Adia Assinatura de Concordata com o Vaticano 2003-09-22 12:26:44 A pressão de milhares de estudantes e o descontentamento da hierarquia da Igreja Ortodoxa Autocéfala Georgiana obrigaram Eduard Chevarnadzé, Presidente da Geórgia, a adiar sine die a assinatura de uma concordata entre a República da Geórgia e o Vaticano. Os ortodoxos georgianos, que constituem mais de 80 por cento da população desta antiga república soviética, temem a expansão do Catolicismo no Cáucaso.
A assinatura desse documento estava marcada para 19 de Setembro e o arcebispo Jean-Louis Tauran, secretário de Estado do Vaticano, já se encontrava em Tbilissi, capital da Geórgia, para assinar a concordata, que dava aos católicos georgianos os mesmos direitos dos seus conterrâneos ortodoxos.
Porém, na véspera, o Patriarca Ilia II, chefe supremo da Igreja Ortodoxa Autocéfala Georgiana, manifestou-se vivamente contra esse documento, acusando as autoridades georgianas de o terem elaborado "secretamente", "sem consultar previamente os ortodoxos georgianos".
"As autoridades do país ignoraram os interesses e as posições da Igreja Ortodoxa" - declarou o arquimandrita ortodoxo georgiano Zenon, acrescentando que "as autoridades nem sequer informaram o Patriarca disso".
Os hierarcas da Igreja Ortodoxa Georgiana consideram que o projecto de Concordata abre o caminho à expansão do Catolicismo no Cáucaso. "Esse documento daria ao catolicismo na Geórgia um estatuto especial, o que entra em contradição tanto com a Constituição, como com as tradições do país" - sublinhou o arquimandrita Zenon, acrescentando: "Permitiria ao Vaticano reforçar a sua influência na Geórgia, criar aqui as suas dioceses, arquidioceses, construir aqui um número ilimitado de templos e seminários."
A oposição política ao Presidente Chevarnadzé - alvo de crescente contestação devido à sua incapacidade para resolver os problemas daquela que foi uma das mais prósperas repúblicas soviéticas e hoje é um dos mais pobres países da Europa - juntou-se também aos protestos. "Na Geórgia sempre se respeitou os representantes de outras religiões, parte dos seus habitantes segue o Islão, o Judaísmo e o Catolicismo, mas a esmagadora maioria da população são cristãos ortodoxos" - declarou Vakhtang Goguadzé, antigo presidente do Parlamento da Geórgia.
Milhares de estudantes das escolas médias e superiores de Tbilissi saíram para as ruas da capital georgiana em sinal de protesto contra a assinatura da Concordata entre a Geórgia e o Vaticano, o que levou as autoridades a recuar nas suas intenções.
Perante tanta contestação, Avtandil Djorbenadzé, ministro de Estado da Geórgia, telefonou a Eduard Chevernadzé, que se encontrava na Ucrânia a participar numa cimeira de dirigentes da Comunidade de Estados Independentes, e o Presidente ordenou a suspensão da cerimónia de assinatura da Concordata.
"Foi um erro preparar o documento sem ter em conta as disposições da opinião pública" - reconheceu Djorbenadzé num encontro com os estudantes. E acrescentou: "Era preciso consultar também o Patriarca da Geórgia, mas isso, infelizmente, não foi feito pelos funcionários que elaboraram o projecto de acordo."
Fonte Público
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