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2.ª Coríntios Paulo escreve esta Carta provavelmente depois de ter abandonado Éfeso e quando se encontrava na Macedónia (2,13; 7,5), no fim do ano 56. Não é fácil reconstituir os acontecimentos que se passaram depois da 1.ª Carta (ver Intr. às Cartas aos Coríntios, p. 1862-63); mas, quando o Apóstolo se decide a escrever esta, fá-lo reconfortado com as boas notícias que Tito lhe trouxera de Corinto (7,13). AUTENTICIDADE E UNIDADE A autenticidade paulina desta Carta é hoje comummente aceite, mas a sua unidade é objecto de muitas discussões. Se é inegável a unidade temática em volta do apostolado cristão, são evidentes também: as grandes diferenças entre a primeira parte, de tom afável, e a terceira, de tom severo que vai até à ameaça; a inserção violenta do trecho 6,14-7,1 na exortação iniciada em 6,11-13 e continuada em 7,2; o aspecto de duplicado do cap. 9 em relação ao 8. Uns defendem a unidade literária, bem apoiada pela tradição manuscrita, recorrendo à psicologia do Apóstolo ou a uma lógica do discurso diferente da nossa, para explicar as incongruências; outros vêem aqui uma compilação de cartas: o trecho 6,14-7,1 poderia corresponder à Carta pré-canónica (1 Cor 5,8-13), o cap. 9 seria um duplicado dirigido a um auditório mais vasto - todas as igrejas da Acaia - e os cap. 10-13 seriam a Carta escrita "entre muitas lágrimas" (2,4; 7,8). Mas as razões contra a unidade não são mais convincentes do que a hipótese contrária. DIVISÃO E CONTEÚDO Sem obedecer propriamente a um plano, esta Carta divide-se em três partes claramente distintas: Prólogo, que tem uma saudação e uma bênção (1,1-11). I. Paulo faz a apologia do seu comportamento em relação aos coríntios (1,12-7,16). Começando por se defender das acusações de inconstância e de leviandade que lhe fazem (1,12-2,17), sublinha, depois, a grandeza do ministério apostólico (3,1-6,10) e termina com um apelo à confiança afectuosa dos seus destinatários (6,11-7,16). II. Paulo dá instruções relativamente à colecta em favor da igreja de Jerusalém (8,1-9,15). III. Defesa de Paulo, que faz novamente a sua apologia, em tom polémico e cáustico, defendendo a autenticidade do seu ministério contra uma minoria de agitadores que trabalham no seio da comunidade (10,1-13,13). TEOLOGIA Escrita num estilo apaixonado e vibrante, onde abundam as antíteses e frases cheias de ritmo e de sentido que se tornaram célebres, esta bem pode ser considerada a Carta magna do apostolado cristão, que nos informa sobre aspectos relevantes da missão de Paulo e sobretudo nos revela a sua alma, no que ela tem de mais humano e sobrenatural. Não tendo o valor doutrinal da 1.ª Carta, dá-nos, contudo, preciosos ensinamentos sobre as relações entre os dois Testamentos (3-4), a Santíssima Trindade (1,21-22; 3,3; 13,13), a acção de Cristo e do Espírito Santo (3,17-18; 5,5.14-20; 8,9; 12,9; 13,13) e a escatologia individual (5,1-10). |
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